O filme de Comédia Musical/Policial dos irmãos Joel e Ethan Coen (“Fargo”, “Queime depois de ler”), é uma trama que se passa em Hollywood nos anos 50. Acompanhamos a história de Edward Mannix, interpretado por Josh Brolin, assistente dos estúdios de cinema fictício Capitol Pictures, responsável por proteger a imagem dos astros e estrelas contratados, quando envolvidas em polêmicas, casos, escândalos e o assédio dos tabloides.

mannixJosh Brolin como Edward Mannix

O dia de Mannix fica conturbado quando o famoso Baird Whitock (Geoge Clooney), protagonista de “Hail, Caesar!” é sequestrado durante as filmagens por uma organização infiltrada no set chamada “Futuro” formado por escritores comunistas. Como costumam ser as obras dos irmãos Coen, não é apenas um filme, é um manifesto. O grupo comunista infiltrado exige valorização de seus trabalhos perante a indústria cinematográfica e após raptarem Baird Whitock provocam uma crise interna de fé no astro fazendo-o questionar se a Capitol Pictures estaria ou não manipulando a mídia e explorando seus funcionários fazendo-os obedecerem a um líder, sem questionar e nem receberam nada em troca. Em tons cômicos e leves que o filme possui somos deparados a fatos que podem ter um fundo de verdade em determinadas organizações dentre a realidade a qual vivemos atualmente.

futuroOrganização Comunista “Futuro”

avecesar2saInception: Clooney como Baird Whitock gravando Ave, César! em Ave, César!

Deparamo-nos também com situações nas quais a mulher do cinema, estrela, famosa, carregava em si a imagem de queridinha das telas, pura, sensível imaculada quando muitas vezes a própria não tinha permissão de conduzir sua vida pessoal da forma como desejar. Como a gravidez da personagem DeeAnna Moran (Scarlett Johansson) a qual para a mídia não poderia desempenhar o papel de mãe solteira de maneira nenhuma, pois havia uma imagem criada pelo estúdio a qual ela deveria manter. Neste momento entra o trabalho de Edward Mannix para encobertar o caso.

Alguns pontos interessantes do filme são as inspirações em pessoas reais para dar vida a alguns personagens. DeeAnna por exemplo  foi baseada na atriz Esther Willians que além de estrela de filmes foi modelo e nadadora especializada em nado sincronizado, logo Ester costumava desempenhar papéis nos filmes que explorassem esta sua habilidade.

scarletScarlett Johansson como DeeAnna & Esther Willians em 1945

Ao decorrer da trama temos outra personagem inspirada em personalidades reais: Carlotta Valdez, inspirada em Carmem Miranda e interpretada por Veronica Osorio. O personagem Hobie Doyle (Alden Ehrenereich) é dono das cenas mais cômicas. Seu personagem, que é o detaque cowboy das produções do gênero “Bang-Bang” da Capitol Pictures, é designado a realizar um papel em um filme dramático no qual o diretor Laurence Laurentz, interpretado por Ralph Fiennes e inspirado no diretor Ernst Lubitsch, tenta de forma sutil transformar o astro em algo que o mesmo não consegue: Ter falar sérias em um filme. A relação entre os personagens é hilária e rende cenas cômicas e divertidíssimas. E neste ponto nos deparamos com situações reais quando empresa contratam “um rostinho bonito” ou alguém que em determinada área alcançou fama, para representar um papel ou um produto. Porém determinado contratado pode não ter nada a ver com o que está sendo pago para representar ou não ter talento para tal e mesmo assim os expectadores acabam consumindo e a empresa dá continuidade com intuito de venda em massa. Um exemplo, dentro vários os quais podemos citar, é quando um produto que não possui relação com esporte contrata um jogador de futebol para ser o garoto propaganda.

ralpfAlden Ehrenereich como Hobie Doye & Ralph Fiennes como Laurence Laurentz

Destaque também para o número musical muito bem coreografado de Burt Gurney, interpretado por Channing Tatum e inspirado em Gene Kelly. Channing que ao longo de sua carreira mostra grande entrosamento com a dança neste filme também deixa claro o quanto fica a vontade com canto. A cena automaticamente nos transporta para um musical antigo com a sequência de sapateado que lembra “Cantando na Chuva”.

channNúmero musical de Channing Tatum como Burt Gurney

Alguns materiais gráficos de divulgação do filme também foi inspirado no design dos pôster dos anos 50:

posters1

Uma parte não positiva do filme é o fechamento da trama ser quase como um retorno ao início do filme mas com o sentimento de que faltou alguma coisa. Depois de tantos ápices de momentos hilários, tensões e expectativa. Contudo, uma característica recorrente no trabalho dos diretores. O trailer pode ser conferido aqui.

O filme é da Universal Pictures, trilha sonora composta por Carter Burwell. A parte técnica está de parabéns; o trabalho de reconstrução da época é rico e detalhado. É uma viagem no tempo para a época dos charmosos anos 50 e glamour do cinema americano, porém visto dos bastidores.
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