Christopher Nolan não tem que provar nada a ninguém. Além da trilogia do Cavaleiro das Trevas, ele é responsável por escrever e dirigir os filmes Amnésia, O Grande Truque e A Origem. Por isso a pergunta desse terceiro filme nunca foi se ele seria bom, mas o quanto épico. Nolan não só manteve todos os aspectos que vinham contribuindo para a trilogia, mas dobrou a dose nesse evento final de 2h45 de duração. O Coringa espalhou terror pelos cidadãos de Gotham City e fez da cidade seu próprio playground, mas isso não foi nada comparado ao que Bane tem planejado para o lugar. A violência aumenta, o drama é constante e as decisões éticas e morais de cada personagem serão questionadas todo o tempo enquanto vemos a ascensão do herói após uma enorme queda. São raros os momentos que você pode piscar tranquilamente.

O clima sombrio de Gotham recebe três novos personagens além do vilão: Anne Hathaway como a Mulher-Gato, Joseph Gordon-Levitt como o jovem policial John Blake e Marion Cotillard como Miranda Tate, a única pessoa da Wayne Enterprises que ainda acredita fielmente nos planos de Bruce. Todos fazem um trabalho fantástico, com destaque para Hathaway que conseguiu fazer o que Halle Berry não pode: criar uma Mulher-Gato muito mais legal e complexa que a interpretada por Michelle Pfeiffer. Aqui ela é uma ladra atormentada por um passado não revelado e todo seu uniforme é funcional; nada de itens estéticos, nem mesmo as “orelhas”. Levitt mostra um amadurecimento grande, uma óbvia evolução de A Origem. Cotillard fica mais apagada em meio de tantos personagens com grandes habilidades, mas é fundamental para a história. Enquanto o Coringa era assustador pela sua loucura, Bane deve ser temido por sua estabilidade mental. O perigoso não é sua bizarra máscara, mas a mente que consegue juntar um exército de pessoas extremamente fiéis à causa. E claro que sua força e técnicas de luta contribuem ainda mais para sua imagem. Com um elenco de apoio tão bom, Christian Bale teve que elevar seu Batman para um patamar mais alto. Ele se entrega ao papel nada fácil e adiciona mais camadas ao já complexo herói.

Mesmo com grandes explosões, bat-veículos novos, lutas memoráveis e efeitos especiais de alta qualidade, a trama sempre volta para as decisões dos personagens. São essas escolhas individuais que montam o filme desde o começo, e formam a situação de caos em que eles estão inseridos. Em qual lado você está e até onde está disposto a ir para defender o que considera correto? A história é um grande acumulo de ações e consequências, e quando a realidade toma uma forma apocalíptica, você irá fugir ou lidar com a situação que você ajudou a criar? A violência não é gratuita e o objetivo não é superficial. Fantasmas dos dois primeiros filmes voltam para assombrar o cavaleiro mascarado e o final dessa lenda não deixa pontas soltas. Deixa apenas saudades dos personagens que revolucionaram esse gênero de história.

Nota: