“Mamma Mia! Here we go again! My my, how can I resist you?”. Impossível não sair cantando e dançando ao ouvir e ler esta pequena estrofe da mais famosa canção da banda pop dos anos 70: ABBA. Música que ficou tão conhecida que foi regravada por diversas gerações de artistas e se tornou um musical para o teatro.

Criado e roteirizado pela britânica Catherine Johnson, o musical que dos palcos virou filme em 2008 com título de “Mamma Mia! – The Movie” é protagonizado por um grande elenco como a multipremiada, cuja carreira é recheada de estuetas douradas do Oscar, Meryl Streep, Amanda Seyfried (lembram da Karen em “Meninas Malvadas“?), Pierce Brosnan (eterno James Bond), Colin Firth (eterno Mr. Darcy em “O Diário de Bridget Jones” e hoje líder em “Kingsman“), Stellan Skarsgard (Dr. Erik Selvig em “Vingadores“/”Thor“) dentre outros.

Relembrando rapidamente a obra de 2008: a trama conta a busca de Sophie pela identidade de seu pai, e a vida com a mãe no hotel da mesma na ilha Kalokari.

Em sua continuação: “Mamma Mia! Here We Go Again“, 10 anos depois, fazemos um mergulho a fundo na série de acontecimentos e segredos iniciais que levaram a trama do primeiro filme. A obra inicia com Shophie (Amanda Seyfried) preparando cartas convites para a reinauguração do hotel de sua mãe Donna Sheridan (Meryl Streep) na ilha Kalokari e exclamando que ela sempre se atrasa, porém, ao vermos uma foto dessa na cena de transição, somos levados à formatura da Donna jovem, na pele da atriz Lily James (Ella em “Cinderela“), chegando atrasada. Temos então o primeiro grande número musical.

Durante todo o filme há cenas diversas de transição entre as duas linhas temporais da saga da Donna e demais personagens jovens para o presente com Sophie como protagonista atual, ou melhor dizendo, como a “Dancing Queen”. Conhecemos como Donna se relacionou com Sam e Bill: foram para a ilha grega Kalokari e tiveram sua única filha. Além de toda sua paixão pelo canto, irreverência, espírito aventureiro e rebeldia, temos respostas das dúvidas que se passaram na mente de Sophie logo no início do primeiro filme com a música “I Have a Dream”, cantada pela Donna jovem chegando em Kalokari.

Lily James, Jessica Wynn e Alexa Davies arrasam nos papéis das versões jovens de Donna, Tanya (Christine Baranski de “Chicago“) e Rosie (Jullie Walters, Molly Weasley em “Harry Potter“) respectivamente. Os diversos gestos e olhares junto a toda expressão corporal estão muito condizentes com as atrizes mais velhas. Harry e Bill jovens também não deixam a desejar, mas realmente o grande destaque fica com a atriz Lily James que incorporou toda presença de Donna/Meryl.




O musical tem boas doses de humor e assim como o primeiro as músicas escolhidas encaixam-se perfeitamente no desenrolar da trama. Tanto as músicas novas, quanto as repetidas do filme anterior, foram apresentadas e executadas com arranjos um pouco diferentes, com algumas contendo até tons melancólicos para combinar com determinadas cenas.

Em questões técnicas, as coreografias estão ainda melhores, as transições de cena são belas e naturais, lembrando inclusive um pouco do estilo de filmagem do seriado Once Upon a Time, conectando presente e passado com fatos semelhantes em ambas as linhas temporais. Muitos pontos e palmas para os responsáveis pela edição!

Palheta de cores com cores vibrantes para o passado e muito azul para o presente resultam em uma belíssima fotografia com ar de sonhos, o que não é muito difícil quando o cenário é uma bela ilha paradisíaca grega.

A mensagem a ser passada na estória, no geral, pode ser vista não apenas como a saga da mãe que é continuada pela filha, mas sim a bela conexão de alma que existe entre mães e filhas/filhos. Acreditar nos seus sonhos, ir atrás da felicidade independente das dificuldades e encarar a vida de forma leve e com um sorriso no rosto. Uma frase interessante mencionada pela Donna jovem conecta todos estes itens. Deixo-a aqui para uma reflexão para encarar a vida como um musical e sempre que necessário, parar, pensar e olhar as coisas de outra forma e além: “Tudo pode parecer simples quando você desconstrói”. A personagem Donna é sem dúvida uma mulher à frente do seu tempo.

Há também a presença de Cher com a personagem Ruby Sheridan, mãe de Donna e vó de Sophie, bela e jovem (que fica difícil de acreditar que ela está interpretando uma vó) roubando a cena nos números musicais, apesar da personagem ter pouca participação e impacto na trama geral. Cher, inclusive, irá lançar um álbum homenageando as canções do ABBA, demonstrando que mesmo com curta participação no filme, foi de grande impacto para carreira da cantora.

O filme tem apenas duas falhas que o impede de ganhar 5 cookies. Uma é a falta de explicação da relação passada com o personagem Harry, de Colin Firth, uma vez que ele faz parte do “trio de pais” de Shophie, quando conhecemos tudo sobre Sam e Bill. Cheguei a pensar que isso pode dar gancho para um terceiro musical, porém não há informações nem rumores de que isto possa se realizar. Talvez até seja muito cedo para isso. E a outra é a falta de explicação de um acontecimento importante (o qual não irei mencionar porque é um spoiler gigantesco) mas que talvez tenha ficado de fora para não causar algum tipo de emoção negativa durante a experiência. Mas ficou a dúvida!

Não percam os medleys musicais orquestrados nos créditos e fiquem até o fim, pois SIM, tem uma cena pós crédito que é muito divertida! O filme todo te faz cantar, se mexer na cadeira, se emocionar e sorrir. Sorrir MUITO! É um belo conjunto para quem aprecia musicais, romance, comédia e boa música. Acredito que estas trilhas do ABBA, que ficaram eternizadas na história dos anos 70, encantaram, encantam e continuarão encantando futuras gerações. Se a obra traz apreço para quem não viveu a época do ABBA, para quem teve a oportunidade, terá uma doçura a mais. 4 cookies e meio ao filme!

 

 

Bônus: Playlist com a trilha sonora do filme <3