Cada pensamento, cada escolha, cada ação que fazemos, gera uma nova realidade. As possibilidades são infinitas, e permear entre elas é o que os escritores “fantasia/ficção” fazem. O criar é simplesmente acessar essas linhas de tempo presentes no campo quântico universal. Por isso narrativas fantásticas ressoam tanto conosco, o alcance delas é muito real. Algumas escolhas diferentes, e sim, seria bem possível a humanidade experienciar a escassez num nível altíssimo após a sociedade destruir a si mesma.

Essa é a história de Máquinas Mortais, uma trama que se passa mil anos após armas de destruição em massa atingirem o mundo todo. Acompanhamos agora uma sociedade no estilo steampunk que construiu estruturas de cidades em cima de rodas para mobilidade numa terra árida; vivendo sob o darwinismo municipal, em que cidades maiores caçam cidades menores para absorver seus recursos.

Com os recursos e cidades menores se tornando raros, algo precisa mudar. Existe a Liga Anti-tracionista, que afirma que esse estilo de vida não é sustentável e que defendem a “moradia estática”. Como vivemos numa realidade que possui livre arbítrio e que cada indivíduo possui sua própria jornada de aprendizado, com certeza tem aquele cara no poder que acha melhor encontrar e juntar os pedaços da super arma da antiga civilização para atacar essa Liga do que… quem sabe… juntar recursos e viver em paz reconstruindo o mundo sem cometer os mesmos erros do passado. E, claro, ele consegue juntar todas as peças. Coisas da velha mentalidade regida pelo ego.

A ideia é boa e os efeitos especiais são incríveis. A produção está de parabéns pela criação desse universo. Com Peter Jackson (Senhor dos Anéis, O Hobbit) na equipe de roteiro e produção, é igualmente divertido, como nas suas trilogias anteriores, descobrir novas partes e povos da realidade nos sendo mostrada. No entanto, as semelhanças param por aí; e, a partir da metade do filme, a narrativa vai decaindo cada vez mais em clichês num ritmo acelerado que foca apenas nos personagens principais.

A solução do problema fica apenas no grupo de mocinhos apresentado, desconsiderando e emburrecendo uma gama de outros personagens. Tudo acontece muito rápido, o que faz com que os momentos emocionais da trama não funcionem muito bem, pois não dá tempo de criar empatia e conexão suficiente com os envolvidos. No final, as personalidades que tinham tudo para serem complexas acabam ficando rasas.

Cheia de potencial, a história de Máquinas Mortais se perde no meio do caminho e nos entrega uma narrativa superficial que não consegue nos tocar. O filme apresenta uma ambientação muito legal, mas que não vai adiante. Damos 2 cookies e meio pela produção.