[Crítica] Power Rangers

Baseado na primeira temporada da saga mais famosa da Saban Entertainment e Saban Brands, “Power Rangers” é um dos filmes mais esperados por todos que acompanhavam a série na Rede Globo, na Rede Bandeirantes, na Fox Kids e no Jetix. A tocha da saga de 24 anos de existência atualmente está com”Power Rangers Ninja Steel” nos EUA pelo canal Nickelodeon, e “Power Rangers Super Dino Charge” no Brasil pelo canal Cartoon Network.

A história base segue a mesma premissa do original, mas com diferenças. Estudantes colegias excluídos encontram uma velha nave espacial e adquirem super força. Quando descobrem que um antigo inimigo da geração anterior voltou para retomar um plano de destruição do universo, o grupo precisa se unir para se tornarem Power Rangers e salvar a todos.

Este é o terceiro filme da saga a ir para os cinemas, depois de Power Rangers: O Filme (1995) e Turbo: Power Rangers 2 (1997), e o primeiro após um jejum de 20 anos. Também é o primeiro filme cinematográfico de Zack, Trini e Jason como rangers, já que no de 1995 eles já haviam sido substituídos pelo Adam, Aisha e Rocky.

O filme foi dirigido por Dean Israelite, e roteirizado por John Gatins, Matt Sazama, Burk Sharpless, Michele Mulroney e Kieran Mulroney. Os produtores executivos são Joel Andryc, John Gatins, Brent O’Connor, Allison Shearmur e Takeyuki Suzuki. No papel dos protagonistas Zack Taylor, Kimberly Hart, Billy Cranston, Trini Kwan e Jason Lee Scott temos, respectivamente, Ludi Lin (The Intruders), Naomi Scott (Terra Nova), RJ Cyler (Vice Principals), Becky G (House of Sin) e Dacre Montgomery (Stranger Things). Também temos Elizabeth Banks (Jogos Vorazes) como Rita Repulsa, Bryan Cranston (Breaking Bad) como Zordon e Bill Hader (Divertida Mente) na voz do Alpha 5. A trilha sonora ficou a cargo de Brian Tyler (Homem de Ferro 3). Como curiosidade, Bryan Cranston fez alguns trabalhos de dublagem na série original e foi o próprio sobrenome que inspirou o do personagem Billy.

Para começar, devemos dizer que “Power Rangers” é um filme atualizado que não abandona a própria origem, incluindo o original japonês Kyoryu Sentai Zyuranger. Há muitas referências às várias temporadas da série e aos filmes, desde os nomes das cidades como nomes de ruas e até a escolha de músicas para a trilha sonora. Muitos são detalhes sutis e outros aparecem na cara dura. Alguns exemplos: há muitas referências ao filme de 1995, como a pedreira onde ocorrem as escavações que remetem às cenas do renascimento de Ivan Ooze, cenas de lutas com Billy “caminhando” sobre os bonecos “de massa”, que agora são de pedra, o formato de Goldar e do Megazord que lembra os “zords” de Ivan Ooze, etc. E além de tudo, ainda temos o refrão do tema Go Go Power Rangers feito pela The Power Rangers Orchestra tocado na versão original em uma cena dos zords, e um cover da música The Power nos créditos, cantada originalmente por Snap na trilha do primeiro filme. Mas mesmo com tantos fanservices, ele conseguiu criar a própria história e mitologia.

O filme começa um pouco apressado, quase como se fosse um drama adolescente, apresentando os protagonistas como adolescentes colegiais que estão passando por problemas, vão para a detenção do colégio e depois encontram algo que lhes dá poderes. Se você notou semelhança com a trama da trilogia original do Homem-Aranha e de Clube dos Cinco, ambos do diretor Sam Raimi, saiba que não é coincidência, pois essas obras realmente influenciaram, segundo os produtores. Mas para se tornarem Power Rangers de verdade e ganharem suas roupas, que agoram são armaduras “simbiontes”, descobrem que terão que treinar. Essa parte foi muito interessante, pois o manto de herói não foi dado a eles de mão beijada como na série original. Zordon é bem diferente do que estamos acostumados e essa mudança foi bem-vinda. Bryan Cranston deu a ele uma personalidade mais profunda. Quanto ao Alpha 5, ele pareceu mais “maduro” e sério, não sendo o alívio cômico na trama. Este papel agora está por conta do Billy, que continua sendo o inventor, e principalmente do Zack, que está mais piadista. Jason está mais imperfeito e demora para começar a atuar como um verdadeiro líder. Kimberly era popular no colégio, mas fez besteira e foi excluída de seu antigo grupo. Trini está diferente, na dela e lutando para ser aceita como é pela família. Todos vem de um contexto social atual e mais complicado, e essa mudança na personalidade era de se esperar. E pela primeira vez não temos a presença de Bulk e Skull em um filme dos heróis, apesar de haver um bully que seria um análogo do Bulk, mas mais malvado e nada atrapalhado.

Do lado dos vilões, temos o monstro de ouro derretido Goldar, que aparenta não ter inteligência e nem consciência, sendo um mero boneco nas mãos de Rita. Os bonecos de massa (putties, no original) já não são mais de massa, e sim de pedra e estão bem mais assustadores. O mesmo pode se falar de Rita Repulsa. Elizabeth Banks deu uma bela e nova interpretação à clássica vilã, que já não está mais infantilizada e é capaz de matar para conseguir o que quer. Ela agora impõe respeito e medo, podendo assustar os desavisados. Detalhes sobre o passado dela são revelados e explicam coisas que ficaram sem sentido na série.

Temos ainda detalhes que parecem novos, mas que não são tanto quanto parecem, como a abertura dos visores. É um detalhe que valoriza, pois humaniza mais os personagens. Vimos isso nas temporadas Lightspeed Rescue, Ninja Storm e em cenas deletadas no filme de 1995. Os morfadores novos ainda foram baseados nas moedas do poder originais e nas  dino gemas de Dino Thunder, que também teria influenciado na trama, pois o trio de heróis da série também eram desajustados.

No geral, é um filme mais sério, com uma paleta de cores mais escura do que os demais filmes, mas não tanto quanto os de Zack Snyder (Homem de Aço, etc) e é ambientado completamente nos dias de hoje. Com tantas referências e easter eggs, foi feito para agradar fãs antigos, mas também tem total capacidade para formar novos. Começa um pouco apressado, como falado antes, mas depois ele se ajeita e segue o próprio rumo. Os efeitos especiais são bons para esse tipo de produção com o orçamento que teve e todos os atores fizeram um bom trabalho.

Produzido pela Lionsgate (que tem apostado muito em filmes para o público jovem), Saban Brands, Saban Entertainment, Temple Hill Entertainment e Walt Disney Studios Motion Pictures, e distribuído no Brasil pela Paris Filmes (conhecida por não incluir os extras de DVDs e Blu-rays no Brasil, infelizmente), foi filmado no Canadá, teve orçamento de 105 milhões de dólares e está sendo bem recebido por críticos de todo o mundo. Foi o primeiro a receber classificação etária de 13 anos nos EUA e 10 anos no Brasil, e também o primeiro a ter uma duração de mais de 2 horas. O filme estreia no dia 23 de março de 2017 no Brasil, e em 24 de março nos EUA. O co-criador da franquia Power Rangers, Haim Saban, confirmou à revista Variety que há planos para fazer até sete filmes e que todos seriam um grande arco. A realização disso depende da bilheteria desse primeiro e de outros fatores, então vamos torcer para que tudo dê certo. E se quiser ter um gostinho do que virá pela frente, aguarde na sala de cinema, pois há uma cena extra no meio dos créditos.

Recomendamos aos fãs, aos curiosos, aos que curtem robôs gigantes e até aqueles que possuem um certo preconceito com a série. Ser um Power Ranger é, acima de tudo, proteger a vida, e cultivar a união e a amizade, pois, como diz o slogan do filme, “juntos somos mais”!

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