Ela aparece sem aviso algum. Sabe o nome real do Doctor, consegue pilotar a TARDIS melhor que ele mesmo e possui um diário com todo o futuro dele. River Song – a personagem mais complexa e enigmática do universo Who. Desde que ela apareceu na 4ª temporada, todos se perguntam quem é essa mulher que discute, argumenta e age em um nível similar do Doctor. Durante a 5ª temporada, a questão foi ficando ainda maior, pois mais fatos de sua vida foram revelados. Finalmente chegamos na 6ª temporada, em que Steven Moffat promete mostrar a verdadeira identidade de River. Mas se você gosta de especular, há uma teoria que bate muito bem com os fatos mostrados durante os oito episódios que a Dra. Song aparece. Seria ela a futura Amy Pond? Seria uma próxima regeneração do próprio Doctor? Ou seria uma personagem recém apresentada?

Primeiramente, vamos falar sobre a linha do tempo de River. Já ficou bem claro que River e o Doctor viajam em direções opostas – enquanto ela o conhece mais, ele a conhece menos e vice-versa. Analisando os episódios passados, é possível criar a timeline do ponto de vista de River. No entanto, devemos levar em conta que ela é uma viajante do tempo, então é difícil colocar em uma linha reta o que deve ser uma coisa wibbly wobbly timey wimey. De qualque forma, é preciso entender que, como estamos vendo os eventos do ponto de vista do Doctor, toda vez que vemos River ela é uma versão diferente da personagem.  A versão mais velha é a da Biblioteca, quando a primeiro conhecemos. A versão mais nova é a da aventura nos EUA, que vimos nos episódios de estreia do 6º ano. Segue um simples gráfico para tornar a idéia mais clara:

É evidente que a Biblioteca é o último lugar onde River vai, pois trata de sua morte. Nesse episódio, ela cita os eventos da Queda de Bizâncio, o Piquenique em Asgard (o qual aconteceria mais cedo para o Doctor) e a noite em Dorillian, que teria acontecido logo antes dela ir à Biblioteca. Na segunda vez que a vemos, estamos em Alfava Metraxis, quando a nave contendo um Weeping Angel cai no Bizâncio. River cita Bone Medows, um evento localizado no começo de seu diário. Ao final do episódio, ela revela que eles se encontrarão novamente quando a Pandórica abrir, deixando claro que este evento é posterior ao vivenciado no final da temporada. É possivel colocar os EUA antes de Pandórica pelo fato de que ela ainda está na prisão e pelo que é dito após o beijo. Enquanto aquele é o primeiro beijo para o Doctor, é o último para ela, pois a partir de então ele a conhecerá cada vez menos (eles não se beijam no Bizâncio, na Pandórica ou na Biblioteca). Dorillian demonstra o fator timey wimey citado anteriormente. Teoricamente, por ser o último evento de River antes da Biblioteca, ela deveria ter encontrado um Doctor novo, que quase não a reconhecesse. Mesmo assim, ela descreve uma noite íntima, na qual qual ele a presenteia com a chave sônica do futuro e derrama lágrimas por saber de sua morte. Se olharmos para a linha do tempo de trás para frente, temos a ordem que nós e o Doctor estamos encontrando River Song. Quando entendemos isso, a cena da Biblioteca em que o Doctor diz que não a conhece faz muito mais sentido, e fica extremamente mais triste. Principalmente quando juntamos esse conhecimento como a fala de River no episódio 6×01: “Fico ansiosa por nossos encontros, mas sei que toda vez que isso ocorre, ele estará um pouco mais distante. E o dia está chegando em que aquele homem me olhará, meu Doctor, e ele não terá a mínima ideia de quem eu sou. E eu acho que isso vai me matar”. Uma trágica história de amor.

Agora que já entedemos como funciona a linha do tempo de River, vamos para a parte mais importante: sua identidade. Teorias como “River Song é Amy Pond” e “River Song é o Doctor” podem ser facilmente descartadas por vários motivos, mas a principal razão é porque interagir com o passado pode abrir um buraco no universo (sem contar que seria errado em vários níveis o Doctor beijar a si mesmo). Então o que é viável? Para mim e todos que acreditam nessa teoria, a resposta foi dada no início dessa temporada. River Song seria a filha de Amy, a qual é a garotinha que fugia do Astronauta e que se regenerou ao final do episódio. Pense bem, quando Amy tivesse seu bebê, o Doctor estaria ao seu lado. Por algum motivo, ele descobriria que a menina é River,  e esse é um assunto que ele conhece bem. A razão pela qual River se apaixona pelo Doctor é porque ele sabe tudo sobre ela, assim como o Doctor a ama por ter um conhecimento mais avançado que o seu. Eles estão presos em um ciclo vicioso temporal, pois River só possui esse conhecimento devido ao tempo que passou com o Doctor, e o Doctor só sabe da vida de River devido ao tempo que ela passou com ele – um instiga o outro. Viagem no tempo, um tópico absolutamente fascinante.

Mas voltando à teoria. Ao final do episódio Day of The Moon, Amy diz que estava preocupada que seu bebê sofresse de algum efeito causado pelo tempo que ela passou na TARDIS. Sua filha pode não ter uma “cabeça temporal”, mas poderia muito bem adquirir a habilidade de se regenerar. No mesmo episódio, a TARDIS não consegue identificar com certeza se Amy está grávida ou não. Isso me parece o resultado de duas realidades se sobrepondo (em uma Amy está grávida, na outra não), o que poderia ter sido causado pelo Silêncio. Esse efeito poderia ser a causa do mal estar de Amy e River após o encontro com a criatura (Amy estaria se sentindo mal por “perder” o bebê, consequentemente apagando a existência de River). A mulher com o tapa olho que Amy viu no 6×01 e 6×03 também poderia ser dessa suposta realidade alternativa, na qual ela não estaria grávida. Mas isso não é o que me preocupa. Presumindo que River é a filha de Amy, assim como a garotinha, por que ela está sozinha em 1969? Onde está o Doctor, Amy e Rory? Um outro fato que acho bem interessante é que, considerando a morte do Doctor legítima  em The Impossible Astronaut, isso significa que River passa o resto da sua vida sabendo como ele irá morrer, e o Doctor também sabe todo o tempo como é o fim de River na Biblioteca. Uma situação poética e triste, como grande parte da escrita de Steven Moffat.

O que vocês acham da teoria? Faz sentido ou vocês tem uma visão diferente? Poderíamos esperar a temporada responder quem é River Song, mas qual seria a graça disso?