Depois de uma longa jornada para os filmes serem finalmente produzidos, O Hobbit – Uma Jornada Inesperada teve um desenvolvimento altamente esperado. Os livros de Tolkien são adorados há anos, e trazê-los para a telona é uma tarefa extremamente difícil; seja pelo trabalho de transformar os livros em roteiro, por ter que arranjar uma forma de retratar todo esse ambiente épico e, principalmente, pela pressão de nivelar o resultado final com a expectativa dos fãs hardcore. Peter Jackson realizou tal tarefa de maneira exemplar na década passada com a trilogia de O Senhor dos Anéis. Os filmes foram bem recebidos pelos fãs e pela crítica, e ainda fazem sucesso atualmente. Mas seria possível fazer novamente uma trilogia tão bem feita com a história que antecede a de Frodo Bolseiro? Principalmente uma que passou por tantos problemas de produção durante praticamente quatro anos? A resposta é sim. Definitivamente.

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Com tantas estreias boas durante o ano, 2012 fecha com chave de ouro com a primeira parte de O Hobbit. A trama conta a aventura de Bilbo Bolseiro, com sua versão jovem interpretada por Martin Freeman (O Guia dos Mochileiros das Galáxias, Sherlock), ao lado do mago Gandalf (Sir Ian Mckellen, reprisando o papel) e de uma comitiva de 13 anões, tendo como lider Thorin Escudo-de-Carvalho (Richard Armitage, de Capitão América: O Primeiro Vingador). Thorin deseja profundamente recuperar o reino perdido de Erebor, seu antigo lar, que foi tomado pelo dragão Smaug décadas antes. Além de começar essa missão épica, que passa por trolls, orcs e goblins, o filme também mostra como o pequeno hobbit encontra o famoso Um Anel na caverna de Gollum, num dos melhores trechos da adaptação. A história retratada num ritmo rápido, mas não há perda de detalhes. O roteiro bem amarrado faz com que o espectador tenha um bom entendimento da trama, além de surpreender até mesmo quem leu o livro com os desfechos de vários pontos da história.

Com cenários grandiosos e figurinos extremamente detalhados, O Hobbit não fica para trás em relação à trilogia original. A magnitude da história pode não ser tão alta, mas devido a isso, trama de Bilbo possui um humor inédito. Em O Senhor dos Anéis, uma guerra estava acontecendo, fazendo com que os personagens fossem mais sérios e tensos num ambiente pesado. Já O Hobbit tem sua trama numa época de paz, permitindo um tom mais casual e relaxado. Essas doses se humor, no entanto, são mescladas com pontos sombrios em batalhas e nos flashbacks de Thorin, por exemplo. Outra diferença é que nesse filme temos cantorias realizadas pelos personagens. São duas canções interpretadas pelos anões, que não são maçantes e se encaixam perfeitamente no contexto.

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A história é feita para os dois tipos de espectadores. É leve e divertida para o público geral, não havendo a obrigação de ter assistido a trilogia anterior; e satisfaz perfeitamente os fãs dos filmes e/ou livros pela grande quantidade de referências e easter-eggs. Nota-se aqui a famosa e esperada cena dos três trolls, que é desenvolvida de maneira divertida e surpreendente. A empatia do público quanto aos personagens é certeira, uma vez que eles são muito bem representados; a quase caricatura de um dos anões não destoa da trama e a vitalidade de Bilbo oferecida por Freeman faz com que quase não reconhecemos sua versão idosa. Dessa vez o mundo não está perto de ser destruído, mas a nova missão é tão honrosa quanto a antiga. O Hobbit trata de lealdade e caráter ao se fazer a coisa certa e ajudar aqueles que injustamente perderam seu lar. O filme não é um Senhor dos Anéis 4, mas o início de uma jornada que irá satisfazer o público antigo e criar uma nova leva de fãs que serão atraídos pela Terra-Média.

Por Camila Picheth e Juliano Yamada