Super Mario é tudo de bom! Especialmente em se tratando de Super Mario Bros., o jogo eletrônico de 1985, cuja mecânica e história básica se reflete por vários jogos da franquia: o nosso herói precisa percorrer o reino dos cogumelos coletando moedas e enfrentando perigos para resgatar a princesa! Mas será só está a premissa que o videogame nos reserva?

Hoje em dia, é lugar comum termos jogos em que o roteiro é complexo e profundo, características que eram raras antigamente, quando os videogames estavam desenvolvendo sua identidade e limitados pela tecnologia. Super Mario é produto desta época em que a história que justificava a aventura estava somente impressa no manual de instruções e, frequentemente, era reinterpretada por outras mídias, como revistas especializadas, desenhos animados e até filmes neste caso. Da mesma forma, podemos analizar a história de Super Mario Bros. de forma livre sob o nosso ponto de vista.

Na primeira aventura de Mario, temos a seguinte estrutura: o herói precisa chegar ao castelo onde se encontra a princesa, guardada por uma horda de inimigos. Para sobreviver, é necessário coletar muitas moedas, que rendem uma nova tentativa (vida), e também enfrentar um dragão no final do caminho… aliás, o inimigo é praticamente imbatível e normalmente só é transposto porque destruímos a ponte onde ele se apoia. Finalmente, quando a porta se abre encontramos um dos servos da realeza, ele nos informa que a princesa está em outro castelo, e o ciclo recomeça – ainda mais difícil.

Sim, se tecnicamente acabamos de dizer como o jogo funciona, também descrevemos como muitas pessoas levam a vida.

Infelizmente, há quem viva em função do dinheiro, coletando e acumulando o metal em busca de uma princesa simbólica que sempre está no próximo castelo. A felicidade da pessoa está sempre no futuro, fazendo com que ela se submeta a qualquer condição no presente para poder coletar sua recompensa em outro momento imprevisível. Sua saúde física, mental e emocional é deixada em segundo plano.

“Quando conseguir um bom emprego, poderei comprar tudo que desejo”; “Quando for promovido, irei passar mais tempo com a minha família”; “Quando me aposentar, poderei viver com tranquilidade e alegria”.

Não há problema nenhum buscar por mais conforto, e com certeza é necessário planejar nosso futuro, mas talvez seja melhor aproveitar outras experiências também, para que a tal princesa não precise ser tão inalcançável assim. Poderíamos ser felizes agora mesmo com o que temos em mãos. A princesa pode sim estar nesse castelo!

“Em meu primeiro livro, O Caminho do Guerreiro pacífico, o velho mecânico do posto de gasolina que chamei de Sócrates sugeria que toda busca – de conhecimento ou realização, de poder ou prazer, de amor ou riqueza e mesmo de experiência espiritual – é inspirada pela promessa de felicidade. Entretanto, a busca apenas reforça o dilema que a motivou. Assim, ele me aconselhava a substituir a busca da felicidade futura pela prática da “felicidade irracional” a cada momento.” – Dan Millman

Claro, nada dessa reflexão é canônica, e a produtora do jogo (Nintendo), provavelmente nunca reconheceria tal teoria – afinal, a intenção do jogo é entregar uma aventura de plataforma e ninguém precisa ficar procurando o sentido da vida num cartucho de videogame.

O importante, no fim das contas, e tentar ser feliz no AGORA, no presente, e talvez, no fim de um dia onde não conseguimos matar os dragões em nosso caminho, jogar um pouco de Super Mario seja uma ótima fonte de felicidade. Amanhã nos levantamos e tentamos de novo.