Com os mesmos produtores de Alice no País das Maravilhas (2010), a trama de Branca de Neve e o Caçador segue o mesmo molde do primeiro filme, mantendo características da história original, mas com aquele toque dark da modernidade. Temos novamente uma garota importante que tem uma vida ordinária, e acaba sendo levada a uma jornada num mundo fantástico contra uma imperatriz maléfica. Visualmente, o produção é fantástica. São centenas de efeitos visuais e a transformação de um grupo ícone da comédia britânica em anões. No entanto, o filme peca no quesito de atuação da personagem-título e no roteiro que apressa o final que deveria ser épico.

Assisti ao filme com o coração aberto quanto à Kristen Stewart, afinal, o ator somente pode ser tão bom quanto o roteiro e direção da obra (algo que a Saga Crepúsculo não ajuda). No entanto, fica provado que Stewart não consegue desenvolver expressões, algo que até pode ser desconsiderado durante a busca de sua coragem, mas que se torna inadmissível para o final do filme. Os produtores procuravam por alguém que pudesse interpretar tanto o lado inocente quanto o voraz de Branca de Neve. Fica a incógnita do por quê da escolha da atriz. Quem salva a história é Charlize Theron, com a complexa Rainha Ravenna. Ela se mostra a verdadeira protagonista do filme, fazendo com que a trama se desenrole. Com os ataques contra seu irmão e flashbacks de sua infância, fica claro que Ravenna não é simplesmente um bruxa malvada. Mesmo que em algumas partes sua interpretação pareça quase caricata, Theron mostra a dualidade da personagem, refletida e personificada na figura do espelho, e aponta que Ravenna é refém de seu passado.

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Enquanto Chris Hemsworth segue o personagem interpretado em Thor, o grupo dos anões é responsável pelos momento cômicos da história como um bando de hooligans, e também o momento mais devastador. O problema do roteiro não se dá tanto no desenvolvimento do caráter de Branca de Neve, mas quando ocorre sua morte simbólica e literal para o renascer de uma guerreira que pertence ao trono. Os roteiristas apostaram no discurso motivacional de Branca de Neve e na batalha final para fechar a trama, e ambos acabam falhando. O discurso feito por Stewart fica pior que a atuação em si, e a batalha envolve dois minutos fora dos aposentos de Ravenna e mais uma rápida luta entre as duas personagens principais.

Branca de Neve e o Caçador abandona a visão da Disney, se assemelhando mais com a versão original dos Irmãos Grimm, o que é sempre bem-vindo. Com os efeitos visuais, Charlize Theron e o grupo de Nick Frost, Ian McShane e cia atuando como front do filme, a produção tem porte para agradar os fãs. Fica a dica também de permanecer sentado durante a primeira parte dos créditos para apreciar a música Breath of Life, que Florence + The Machine criou para o longa baseando-se na fantástica Rainha Ravenna.