Crítica: Cemitério Maldito

Cemitério Maldito (Pet Sematary, 2019) é o segundo filme adaptado do livro de terror homônimo de 1983, do aclamado autor estadunidense Stephen King. A primeira adaptação foi feita em 1989. Entre outras de suas obras estão Carrie, O Iluminado, It – A Coisa e A Pequena Caixa de Gwendy. A direção ficou a cargo de Kevin Kölsch e Dennis Widmyer (ambos de Feriados), com o roteiro escrito por Matt Greenberg (Reino de Fogo) e Jeff Buhler (O Último Trem).

O Dr. Louis Creed (Jason Clarke, de O Exterminador do Futuro: Gênesis) e sua esposa, Rachel (Amy Seimetz, de Alien: Covenant), mudam-se de Boston para Ludlow, no estado do Maine, com seus dois filhos, Ellie (Jeté Laurence, de Boneco de Neve) e Gage (Hugo e Lucas Lavoie), e o gato Church (interpretado por 5 gatos). Eles logo descobrem a existência de um cemitério de animais sinistro no bosque próximo da casa. Quando Church é atropelado e morto, ele é enterrado, com a ajuda do vizinho Jud (John Lithgow – The Crown) em um cemitério antigo de animais, e assim se inicia uma série de acontecimentos que provam que, às vezes, “a morte é melhor”.

O filme mostra como a não aceitação da morte, traumas não trabalhados e a irresponsabilidade pode levar a situações complicadas. Uma das razões para aquele cemitério de animais existir ali é a estrada que matou Church ter ceifado muitos bichos do local. Jud alerta a família sobre ela, mas mesmo assim eles deixam o gato e as crianças com fácil acesso a ela, pois não há cercas ou delimitações de nenhum tipo. E quando Church morre, a mãe não queria revelar de jeito nenhum a morte dele para a filha, achando que ela não entenderia.

Um trauma causado pela morte de sua irmã mais velha, quando ela era criança, contribuiu para isso. Trauma esse que a faz ter visões na casa nova. O pai é relutante, mas aceita a decisão. Após a ressurreição do gato, que ficou bem demoníaco, e a morte de outro familiar, naturalmente ele é tomado por um sentimento de dor que alimenta as forças do mal de outro cemitério, onde diz-se que a terra é podre.

É revelado na história que esse local foi encontrado por povos indígenas que fugiram ao descobrirem o seu poder. Mesmo com sinais claros que a filha não é mais a mesma, ele reluta em encarar a realidade. Após mais alguns acontecimentos bizarros, ele aceita o que aconteceu, o que leva a um final diferente do que temos no livro, ainda que seja tão macabro quanto.

Como filme de terror, ele assusta e causa tensão. Tanto o gato quanto outros personagens estão assustadores. Achei que a história foi contada no seu próprio tempo, porém algumas coisas pareciam sem nexo, como as aparições do garoto Victor Pascow (Obssa Ahmed, de The Expanse), que morreu nas mãos de Louis. Ainda que essas cenas estejam no livro, talvez pudessem ter sido melhor amarradas.

Uma curiosidade é a menção da criatura Wendigo, em um livro sobre as lendas locais. Também são referenciadas diversas obras de King, como Cujo e O Iluminado.