Direção de Rupert Goold, baseado na peça de teatro dirigida por Peter Quilter “End of the Rainbow”, “Judy” é um filme é inspirada em Judy Garland. Ela que foi uma das cantoras e atrizes mais famosas da era de ouro da MGM (Metro-Goldwyn-Mayer) cujo papel mais conhecido e icônico foi o que a levou ao estrelado, e também algumas sequelas em sua vida pessoal: Dorothy Gale em O Mágico de Oz (1939).
Judy Garland demonstrou seu maior talento talento especial muito cedo, a voz, o canto. De origem humilde do interior desde que começou a cantar em um natal de família ainda criança, nunca mais parou. Passou com pequenos papéis até que 1935 assinou seu contrato com a MGM, mas levou ainda alguns anos a ter o papel de Dorothy. Ela perdeu o pai quando tinha 13 anos. Não tinha o melhor dos relacionamentos com a mãe, o que lhe trouxe dificuldades em lidar com seu dia a dia na MGM. A empresa dominava a vida de Judy. Exploravam a jovem com rotinas exaustivas de trabalho e muita pressão psicológica, como impedi-la de ter uma vida além do trabalho, fazendo com que a impressa achasse que ela tinha alguma pela criação de festas fictícias de aniversário, por exemplo. Dentre os vários modos cruéis de cuidar de uma estrela, uma das mais pesada é relação a aparência, não apenas pressionando uma perfeição externa como também e a impedindo de se alimentar direito instruindo-a a tomar inibidores de apetite que também causavam outros efeitos colateiras com os quais ela teve que lidar pelo resto da vida. Ela, como diversos artista da época, infelizmente, teve uma vida confusa disfarçada de glamour.
No filme acompanhamos dois momentos da vida de Judy Garland (Renée Zellweger): últimos anos de vida na turnê, que foi em Londres, mesclado a flashblaks da adolescência refletindo em ações, momentos e sentimentos dela na fase adulta. Não há uma apresentação crescente da atriz, o que pode prejudicar um pouco a experiência de quem não a conhece, pois há explicações e apresentações junto a fatos alterados pela licença poética cinematográfica.
Do início ao fim da trama percebemos o desejo de Judy de estar com os filhos, e ao mesmo tempo desesperada, desequilibrada, sem casa e estabilidade para poder criá-los. Porém, sempre teve muito amor, dedicação e sofrimento por eles, como relatam em entrevista e em diversos momentos do filme. Judy deixa a reflexão de que as estrelas às vezes só querem um tempo normal com a família, com os amigos, uma programação leve. Ela também alega que a julgam como se não fosse uma pessoa real. Ela é aquela Judy Garland naquela 1 hora de palco cantando, mas fora isso ela só quer o que todos querem: estar em família.
A própria turnê em Londres foi sofrida para acontecer. Ela não queria estar longe dos filhos, mas precisava trabalhar para arranjar dinheiro, para enfim estar com eles. Essa emoção é também percebida no discurso pré número musical com Over The Rainbow. A canção não é exatamente sobre não chegar a lugar nenhum, um lugar impossível que seria depois de um arco-íris, mas um lugar onde se sonha e que no meio do caminho se percebe que foi o suficiente. E além de tudo é sobre ter esperança.
Você sai do filme com um nó na garganta. Impactado, refletindo sobre a história. Sobre o quanto de sofrimento que ela passou, mas ao mesmo tempo pelo legado artístico que deixou. E pelas palavras de esperança quando observamos as últimas cenas que são emocionantes do número musical mais aguardado: Over The Rainbow.
Pessoalmente, esta canção tem um impacto de memória afetiva muito grande sobre mim, assim como O Mágico de Oz. Minha vó Glaci era uma grande admiradora da obra da atriz e cantora, e devido a isso uma das nossas brincadeiras de infância favoritas era brincar de Dorothy no Bosque do Papa, um parque aqui de Curitiba que lembra os caminhos de Oz. A imaginação ia longe e as brincadeiras tinham direito a cestinha e maria chiquinha no cabelo. Over The Raibow sempre a emocionava e passou a me emocionar também. E pensar nela me faz lembrar uma das reflexões mais fortes que o filme deixa: independente de glamour, na vida de uma pessoa, o desejo de todos acaba sendo o mesmo: estar em família e ter esperança! Como Judy sentia, Dorothy dizia: “Não há lugar como o nosso lar”. 3 cookies e meio para acompanhar o caminho até a cidade das esmeraldas, e um Oscar para René que ficou super parecida!