Kong: A Ilha da Caveira estreou nos cinemas brasileiros dia 9 de março. Para os fã do primata mais famoso do mundo e ansiosos pelo lançamento finalmente a espera acabou. Conferi a obra com um grande amigo meu que é super fã do protagonista e a maior parte das contribuições à esta crítica devo a ele. Obrigada Becker! Você é demais!

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Vamos começar comentando uma das minhas peças cinematográficas favoritas no mundo: o pôster. A peça gráfica nos entrega qual é o cenário da aventura: Soldados numa ilha com um monstro gorila gigante bem na frente de um pôr do sol todo alaranjado que claramente lembra o belo pôster do clássico Apocalipse Now (1979). E a referência não é a toa, afinal, o roteiro se passa nos anos 70 (época de crise do petróleo, guerras, políticas…) com soltados norte-americanos recém saídos da Guerra do Vietnam. De fato, o começo da película parece mesmo um filme de guerra, até que os personagens chegam ao seu destino, a tal Ilha da Caveira, e aí sim a diversão começa pra valer. Além dos soldados ainda temos um grupo de cientistas e especialistas e lógico, o grande King Kong.

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O elenco do longa conta com personagens quase caricatos: Os cientistas que fazem tudo para provar suas teorias, liderados por Jhon Goodman; os soldados que com certeza vão perder metade do pelotão durante a aventura, liderados por Samuel L. Jackson; o herói Tom Hiddleston (sim! desta vez ele é o herói britânico!) que sabe de tudo de sobrevivência; a heroína Brie Larson (que em 2016 ganhou o Oscar de Melhor Atriz em “O quarto de Jack e será a Capitã Marvel)  que, surpreendentemente não está na história só para domar o monstro e; o cara estranho John C. Reilly que explica aos recém chegados à ilha como as coisas funcionam lá.

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Apesar do elenco contar com termos ‘Fred Flintstone’, ‘Nick Fury’, ‘Loki’, ‘Capitã Marvel’ e ‘Detona Ralph’, nenhuma das atuações é digna de Oscar, por pura falta de profundidade nas personagens. Entretanto, ao contrário de um Godzilla (2014) onde as pessoas desenvolvem a trama e o monstro mal aparece, exceto no final, em Kong: A Ilha da Caveira os monstros são o centro das atenções e aparecem constantemente. O próprio roteiro tem falas que citam “Monstros existem, o planeta não é nosso”.

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Olhos mais (chatos) atentos irão perceber que, ao contrário de King Kong (2005), o monstro principal não é um gorila, já que a morfologia do símio (termo geralmente usada na zoologia para designar as espécies da ordem dos primatas atuais e extintos mais próximos evolutivamente do homem, como gorilas, chimpanzés e orangotangos) é diferente. O restante do público provavelmente não vai se atentar a estes detalhes zoológicos, pois a cada momento aparece uma nova criatura, sendo a maioria gigantesca, e praticamente todos prontos para obter uma “refeição grátis”. Felizmente temos o rei Kong disposto a “colocar ordem na casa” e a maioria dos problemas do reino é solucionada com uma luta até a morte. Todo o desenrolar ocorre acompanhado de belos efeitos gráficos, fotografia, a parte técnica está muito bem resolvida.

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Ainda em se tratando da parte visual, destaque para o design dos uniformes e equipamento do exército americano, a reprodução nos faz sentir como se o filme tivesse sido produzido realmente nos anos 70. Outro ponto que não pode deixar de ser mencionado é a presença de reprodutores sonoros da década de 70 bem como a trilha sonora que nos leva a um ponto muito interessante do filme em que toca uma música muito famosa na época. A música se trata de “Ziggy Stardust” do eterno David Bowie (confiram a nossa homenagem clicando neste link) que foi gravada em 72 e teve grande impacto musicalmente e culturalmente na época, a mesma foi tocada quando os personagens do filme discutiam sobre planos de fuga para saírem vivos da Ilha, de fatos que estavam ocorrendo no mundo, entre outros pontos históricos, combinou totalmente. A ilha é um cenário que conta como um espetáculo à parte, afinal quase todo o filme se passa no meio de florestas, montanhas, lagos, tudo isso, como já comentado, montando uma bela fotografia. Mesmo quando as criaturas não estão lutando o meio ambiente faz toda a diferença na composição, vemos água, terra e fogo sendo expelidos, os efeitos especiais estão muito durante competentes. Mesmo a cenas “não naturais” são belas, como as pinturas dos nativos e todo o visual vintage do filme.

Uma curiosidade é que este seria o segundo filme do MonsterVerse da Warner, e aparecem muitas referências ao filme anterior, Godzilla, sendo a referências mais forte a organização de cientistas pesquisadores de monstros Monarch, algo como a SHIELD nos filmes da Marvel que fazia a ponte entre um herói e outro antes da estreia de Vingadores. Falando em Marvel, a Ilha da Caveira tem mais do que só monstros gigantes, tem também cenas pós-créditos! Uma no começo, durante os créditos, e outra no final mesmo após uma longa espera… Que totalmente vale a pena o esforço de ficar sozinho na sala de cinema quando todo mundo já foi embora. (Se você leitor é uma das pessoas que saem antes dos crédidos acabarem, saiba que além de não estar prestigiando e respeitando o trabalho de muuuuitas pessoas, você também pode estar perdendo cenas chaves muito interessantes!)

No geral é um filme de monstro com a temática a qual vários escritores utilizaram desta ideia, como Jules Verne, Edgar Allan Poe, entre outros. A obra não se trata de uma desconstrução, remake ou uma homenagem ao original. Tampouco é inovador pois a trama principal é basicamente o tipo de filme que assistíamos na Sessão de Tarde quando crianças, sem a preocupação do quanto profunda ou sensata fosse a trama. Contudo para os cinéfilos é mais do isso, é a volta de King Kong – indiscutível ícone cinema – às telonas, lugar dele por direito desde a primeira aparição em 1933. Vida longa ao rei! Damos 3 cookies pela produção e que venham os desafiantes ao trono.

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