(Contém Spoilers)

Terceira tentativa, terceiro strike

Adaptar a experiência de um jogo para as telas do cinema nunca foi uma tarefa fácil, Hollywood já tentou trazer as aventuras da musa dos jogos de ação no passado (e falhado) outras duas vezes com a atriz Angelina Jolie, mas o resultado foi lamentável. 2018 chegou e temos um novo filme. Dessa vez inspirado no Reboot “Tomb Raider” de 2012 e “Rise of Tomb Raider” de 2015, a parceria entre Warner bros e a Square Enix mostra uma certa melhora no histórico, mas ainda sim está longe de ser o bastante.

No início, somos apresentados à lenda da deusa Himiko, temida por ser a personificação da morte, foi aprisionada por seus generais em uma ilha chamada Yamatai para nunca ser despertada. Chegando nos dias atuais, nos deparamos com a jovem Lara Croft (Alicia Vikander de Ex Machina, A Garota Dinamarquesa) dividindo o seu tempo entre praticar artes marciais e trabalhar como entregadora de comida para conseguir um sustento pois a mesma se nega a aceitar a herança de seu pai que está desaparecido por volta de 7 anos. Após ser presa por uma certa corrida ilegal, a senhorita Croft se vê forçada a assinar os papéis do legado da sua família, porém junto ao testamento, uma espécie de “cubo magico” japonês lhe é entregue; Lara rapidamente consegue solucionar o puzzle que se revela como a chave para um esconderijo de seu pai, Lord Richard Croft (Dominic West). Nesse local existem anos de pesquisa sobre a tal deusa e sua localização, junto com uma mensagem gravada por seu pai (um tanto clichê) de que se ela está vendo esse vídeo, ele já estaria morto. Motivada pela busca de respostas, a protagonista resolve ir até Yamatai, mas aparece em seu caminho uma organização chamada trindade, que está disposta a libertar Himiko a todo o custo.

O plot pode soar interessante e até mesmo fiel aos jogos, mas carece de uma boa execução, o filme tem o desenvolvimento lento e arrastado por flashbacks constantes da família Croft, as cenas de sobrevivência e aprendizado “na marra” que são os temas dos jogos citados foram totalmente desconsiderados, no game nós temos uma Lara frágil que cresce e se supera pelas situações da ilha e pelos combates contra os mercenários da trindade, mas no filme temos uma Lara de raciocino rápido, movimentos ágeis e altamente habilidosa em combate graças a sua rotina apresentada na introdução do filme. Outros Puzzles são propostos no longa, entretanto Lara os resolve de forma extremamente simples, os fazendo parecer óbvios.

A trilha sonora é composta por músicas licenciadas e orquestra original, porém elas são usadas em excesso! São raras as cenas que não possuem um arranjo crescente (E algumas vezes desnecessárias) para ilustrar a cena. A produção definitivamente esqueceu que quantidade nem sempre anda de mãos dadas com a qualidade.

Os personagens secundários são outro ponto negativo. Lembra dos amigos da Lara no jogo? Sam, Conrad Roth, Alex, Joslin e companhia? Esqueça todos eles, no filme eles são substituídos pelo Asiático Lu Ren “ Daniel Wu” que simplesmente é descartável e tem um tempo de tela pequeno. O Vilão Mathias “ Walton Goggins “ é o velho Clichê dos filmes de aventura B, mata personagens menores por prazer mas poupa os protagonistas de forma estupida. Sem falar que a interpretação desses dois atores é um tanto questionável.

As consequências do filme são quase inexistentes, Lara se machuca gravemente, 3 cenas depois ela está novinha em folha, Lara fica chocada por matar um mercenário, ela se distrai e logo em seguida nunca mais pensa sobre o assunto, Lara é capturada, 5 minutos depois ela foge e assim em diante.

Para quem amou as batalhas finais do reboot do games, esqueça também o combate contra o exército da Deusa, eles são apenas citados e Lara apenas enfrentará uma meia dúzia de soldados da trindade


Apesar dos pesares, existem boas cenas, a queda do avião na cachoeira e a tempestade em alto mar são ótimos exemplos e parecem ter saído direto das cutscenes dos games, também temos uma luta contra um mercenário que mostra uma boa interpretação dos envolvidos.

Tomb Raider: A origem, infelizmente é outra tentativa falha da indústria cinematográfica em converter jogo em filme, ao menos ele consegue ser melhor que os filmes da Lara do começo dos anos 2000 e pode até entreter aos telespectadores menos críticos. 1 cookie e meio pela produção.