A perfeição existe. É completamente possível ter a família/emprego/relacionamento amoroso perfeito – dada a perspectiva alinhada. Tendemos a compreender como perfeito aquilo que imaginamos baseado em crenças e conceitos programados em nossa mente desde pequenos. No paradigma atual, isso é uma máquina de gerar sofrimento, uma vez que ele se baseia em materialismo, crescimento financeiro rápido e outros quesitos sem se respeitar o tempo e a forma natural das coisas, ou a própria natureza. Baseando-se nesses conceitos, é fácil cair em uma rotina de reclamações, vitimismo e autossabotagem. Felizmente, o despertar está disponível para todos, e, às vezes, somente precisamos de um rosto amigo para nos guiar na direção certa.

Uma Segunda Chance Para Amar poderia ser mais um filme sentimentalista de comédia romântica de final de ano, mas ele surpreende com um ótimo elenco, uma trama ousada em seu fechamento e uma mensagem sempre necessária e positiva para que possamos rever nossos pensamentos e projetar a vida que queremos. Kate (Emilia Clarke) é uma jovem inglesa insatisfeita com sua vida. Ela trabalha como elfo em uma loja temática de natal o ano todo. Está sempre em busca de um sofá para dormir na casa dos amigos e nunca consegue passar nas audições para seguir o sonho de ser cantora. Aliás, ela acredita que nada dá certo para ela. É então que ela conhece Tom (Henry Golding), um estranho rapaz que a faz começar a mudar sua perspectiva, iniciando com a física. “Olhe para cima”, é o que ele sempre diz.

Não há coisa mais perigosa ou frustrante do que colocar sua felicidade nas mãos das outras pessoas, mas é isso que muitas pessoas fazem. Todos travam batalhas internas todos os dias, e ainda precisar ser responsável pela alegria de terceiros é uma fórmula para a infelicidade de todos os envolvidos. Nossos tempos estão repletos de oportunidades para mudarmos nossa visão e curar as feridas causadas por uma lógica insustentável. Só precisamos treinar nossos olhos e coração para enxergá-las. O primeiro passo é verdadeiramente entender que nossa vida é nossa responsabilidade, e que absolutamente tudo é consequência de nossos pensamentos e ações. A partir dessa compreensão, teremos inúmeras mortes e renascimentos, altas noites escuras da alma, mas é apenas dessa maneira que tudo começa a se ajeitar.

O pulo quântico do gato é quando percebemos que nossa felicidade aumenta quando geramos felicidade ao outro, e quanto mais geramos ao outro, mais feliz ficamos. É um ciclo infinito em que todos saem ganhando. Mas isso exige um desprendimento de tudo aquilo que aprendemos como “certo”, como a maneira “correta” de se viver. Soltar das expectativas e dos rótulos, enquanto colocando foco e ação em suas intenções. É um equilíbrio que exige coragem e maestria, mas que oferece incríveis recompensas. Paz interior é uma delas.

Sem adentrar nos detalhes do roteiro, é exatamente sobre isso que o filme trata. De como podemos ir de um ponto até o outro em uma história muito gostosa de acompanhar. No elenco de apoio, ainda temos as maravilhosas Michelle Yeoh e Emma Thompson. Yeoh como ancora e chinesa metódica e firme como a conhecemos de outros papéis, mas que consegue trazer um lado carinhoso que faz toda diferença. Thompson dessa vez é a mãe da protagonista nascida na ex-Iugoslávia, e suas dores são muito bem trabalhadas ao longo da narrativa.

Vai chegando o final do ano e, motivados pela Simone e Mariah Carey, começamos a refletir sobre o ano que passou e aquele que não está distante. Esse é um filme super agradável de assistir com amigos, família ou companheirxs – e que com certeza vai te ajudar nessa caminhada de se tornar uma pessoa mais feliz e realizada! Damos 4 cookies para o filme natalino!