Dezesseis Luas, uma trama sobrenatural com um amor proibido – o novo Crepúsculo”. De fato estamos vivendo um momento em que adaptações de livros com criaturas extraordinárias estão em alta, mas isso não significa que todas as histórias semelhantes sejam o novo Crepúsculo. Aliás, foi esse tipo de marketing que me deixou com receio de assistir a produção, comparecendo à cabine por praticamente obrigação. Felizmente, o conteúdo acabou tornando-se uma surpresa agradável, e posso dizer que se for inevitável a comparação com a obra de Stephenie Meyer, a palavra apropriada seria evolução. Temos em Dezesseis Luas uma trama bem mais verossímil, com personagens carismáticos e um elenco bem escolhido. Além disso, o filme ganha mais 200 pontos por incentivar a leitura de Bukowski.

16-1

O importante aqui é ter noção do que você está prestes a assistir. Se você sabe que esse é um filme voltado para o público teenager com o objetivo de entretenimento em massa, então não tem muito motivo para se decepcionar com a produção. A história é de Ethan, uma garoto que mora numa cidade do interior em que a religião ainda domina seus habitantes – são 11 igrejas contra uma biblioteca com vários livros banidos. Ele sonha constantemente com uma garota, que toma forma quando a sobrinha de um misterioso homem recluso se muda para a cidade e começa a frequentar a escola. O que acontece então é aquela trama que já vimos várias vezes, com a comunidade julgando a menina e sua família, o garoto ficando ao lado dela e se apaixonando, a descoberta de que ela não é uma pessoa comum e a básica luta entre o bem e o mal. Não é uma história original, mas o jeito que é desenvolvida é interessante. Os indivíduos da família Ravenwood / Duchannes podem ser bruxos, mas seus poderes não ocupam um grande espaço até o final, e esse espaço é preenchido com diálogos bem humorados, referências culturais, aquela situação estranha de conhecer a família da sua namorada elevada ao cubo e atuações que dão vida aos personagens.

Num primeiro momento o protagonista Alden Ehrenreich pode parecer um certo lobisomen, mas a simpatia do personagem o afasta dessa comparação. Ele faz um bom par com Alice Englert, uma atriz com o rosto comum, mas que cumpre bem as expectativas do papel. O casal principal é formado por atores novatos, então era importante um bom elenco de apoio. Jeremy Irons (The Borgias), Viola Davis (Histórias Cruzadas) e Emmy Rossum (Shameless) são grandes contribuições para a obra, mas o destaque mesmo fica para Emma Thompson (Nanny McPhee), que interpreta dois opostos – uma devota cristã e uma poderosa bruxa. Os efeitos especiais são bons, e a direção de arte fez um bom trabalho na casa Ravenwood. Minha reclamação quanto à produção fica com o figurino bizarro usado pelos bruxos no final do filme, que muda a identidade dos personagens passada até o momento.

16-2

O maior fenômeno que a Saga Crepúsculo causou foi a criação de duas massas fervorosas: aqueles que amam incondicionalmente o filme e aqueles que odeiam qualquer um de seus aspectos. A verdade é que tramas fantásticas existem há anos, e Dezesseis Luas é mais um filme do gênero. Fora os óbvios clichês de narrativa e o fato que os protagonistas não parecem ser tão jovens quanto deveriam, o maior defeito do filme é a sua duração. A trama consegue ficar interessante até um ponto, e a “luta final” não faz tanto impacto porque você já está louco para sair do cinema. Há varias cenas que poderiam ser condensadas, tirando uns bons 30 minutos da produção. Outro ponto negativo do filme, embora esse seja mais pessoal, foi o sotaque usado. A tentativa foi fazer algo semelhante a True Blood, mas o resultado ficou bem mais irritante. Tudo bem que eles moram no interior, mas dava pra dar uma amenizada.

Basicamente, tente não julgar o filme antes de poder assisti-lo. Dezesseis Luas tem seus defeitos, mas consegue divertir.