Literatura fantástica recheada de autoestima, superação e valorização das verdadeiras amizades

Foi com imensa alegria que o Serial Cookies inesperadamente recebeu uma cópia de Drako e a Elite dos Dragões Dourados, o mais novo livro de Paola Giometti, escritora paulistana que atualmente está residindo em Tromsø, cidade da nórdica e belíssima Noruega! As tradições escandinavas do Norte da Europa, somadas às suas gélidas e fabulosas paisagens montanhosas cobertas pela neve certamente devem oferecer a ambientação e proporcionar a inspiração ideais para a escrita de uma tão bem elaborada fantasia medieval-moderna infanto-juvenil que concede a seus leitores um mergulho em um universo recheado de aventura, com várias e divertidas referencias à Cultura Pop, além de pitadas de drama, humor e, o que é melhor, mensagens de motivação, autoestima, igualdade e amadurecimento.

O livro nos apresenta à terra de Paracelsia, onde residem dragões de várias cores (raças), além de anões, duendes, dottys e toda sorte de criaturas. Não poderiam faltar, é claro, os magos e feiticeiros, estes, devidamente graduados, e também os bruxos, que são os entusiastas das ciências ocultas, porém, sem o mesmo estudo para tal e, por isso, desprezados pelas “elites acadêmicas”. É assim com a megera Creonice Bruxelas, sem condições financeiras para comprar uma avançada vassoura motorizada para voar, mas ainda assim almejando se tornar integrante da Máfia dos Feiticeiros.

Desafiada pelo líder da organização, e por conta da Poção da Criação que elaborou, a bruxa consegue criar vida de onde não havia, e faz nascer o nosso herói, o dragão vermelho Drako, assim batizado por inspiração de algum filme antigo. E olha só que sacada interessante, ambientar a história em um período indefinido, onde, paralelamente a todo o clima de Terra Média, existe tecnologia moderna, e obras audiovisuais foram produzidas!

Contudo, para total decepção de sua criadora, algo deu “errado”, e Drako nasceu com bom coração, e muito mais interessado em magiquímica (mistura de magia com alquimia) do que em táticas de guerra. Mesmo assim, ela insiste em treiná-lo para ingressá-lo na Elite dos Dragões Vermelhos, lugar onde ele aprenderá a ser um dragão guerreiro. Drako conversa com sua dona, que passa a chamar de Tia Créo, mas ela nunca lhe dá a devida atenção e não está nem aí para o fato de ele não querer nada daquilo.

Não demora para Drako conhecer aquele que se tornará seu melhor amigo, a mosca Zezé, um camarada bem-humorado e cheio de experiência de vida, com o qual aprenderá muitos “macetes” sobre como lidar com situações do dia-a-dia. A trama envolve ainda a participação de Drako e Creonice em uma competição Anual de Feiticeiros, as artimanhas da bruxa com os mafiosos para atacarem os dragões dourados e deles extrair o ouro que reluz de seus corpos e, por fim, a luta de Drako, e os amigos que vai conhecendo ao longo de sua jornada, para tentar impedir esse ataque e, com isso, salvar os belos e nobres espécimes que formam a Elite dos Dragões Dourados.

Paola Giometti construiu inteligentemente as divisões hierárquicas do mundo que criou, especialmente em relação aos dragões. Além dos já citados vermelhos e dourados, há ainda os verdes, os azuis e os brancos, cada “etnia” com as suas particularidades, tanto visuais quanto comportamentais. E a analogia com o preconceito, a discriminação racial e social, a intolerância, bem como a valorização da igualdade, trazem à leitura uma conscientização mais do que bem-vinda, sem, contudo, torná-la enfadonha. Muito pelo contrário, há trechos que nos fazem realmente torcer por Drako, e para que ele consiga mostrar ao mundo que a bondade não tem cor.

O fato de Giometti ser formada em Biologia lhe dá ainda mais propriedade em relação a alguns detalhes minuciosos que acrescentou em determinadas passagens, obviamente fictícias, mas calcadas em certo realismo, envolvendo não apenas os dragões, mas também as demais criaturas fantásticas (nos dois sentidos) que preenchem a narrativa, além da descrição de alguns cenários divinos em momentos puramente contemplativos, sem nos esquecermos, é claro, das amáveis moscas que depois desta dinâmica leitura, poderemos até enxergá-las com outros olhos!

A tecnologia, como já foi dito, é outro item presente, e não apenas nas páginas, mas também na capa deste livro, lançado pela editora Lendari. É que está disponível para download gratuito, pelo Google Play, o aplicativo Drako. Após baixá-lo, é só apontar a câmera do celular para a capa do livro e… Voilà! Eis que o próprio Drako surgirá diante de seus olhos, em 3D, e se mexendo! Mas não se preocupe, ele não vai te morder, nem sairá voando pela casa (já pensou?)! Bela iniciativa, que traz a interatividade complementando a experiência da leitura deste livro, que é apenas o primeiro de uma trilogia, cujo segundo já está em andamento e deve lançar em breve: Drako e o Enigma da Árvore.

Recentemente, Giometti concluiu outra trilogia, chamada Fábulas da Terra, e composta por O Destino do Lobo, O Código das Águias e O Chamado dos Bisões. Como deu pra perceber, a escritora tem fascinação pela natureza e seus mais diversos e admiráveis seres vivos, sempre adicionando elementos “fabulescos” em suas histórias, nas quais as mais variadas criaturas, fictícias ou não, incluindo dragões e moscas, não só podem falar, como também nos dar encorajadoras lições de vida.

Para este que vos escreve, entre tantas passagens memoráveis que ficaram da experiência de ter lido Drako e a Elite dos Dragões Dourados, se destacaram as que prezam pela liberdade de escolha, superação de obstáculos sociais e a valorização das verdadeiras amizades!

Parabéns, Paola, e obrigado pelo envio!
A obra merece nota de 4 cookies fermentados!

Referência Bibliográfica:
Drako e a Elite dos Dragões Dourados. 2018, 256 pág. Autora: Paola Giometti. Editora: Lendari. Gênero: Fantasia.


Sobre o autor: Formado em Comunicação Social – Jornalismo, Roberto Oliveira desde sempre vem exercendo a escrita em sites nerds/geeks e contribuindo para a semeadura da Cultura Pop. Cinéfilo inveterado, também é radialista e colaborou com a galera do Serial Cookies em várias ocasiões, inclusive nas Lives do Oscar, que já estão se tornando tradição! Defende a paz entre marvetes e decenautas e curte quase todas as ramificações da produção audiovisual, com destaque para ficção científica, fantasia e, claro, os super-heróis, e “viaja” com histórias que envolvam viagens no tempo!