Estela e Elisa Costa nasceram em Pelotas/RS, moram em Curitiba/PR e fazem cosplay há 10 anos. No total, as irmãs gêmeas somam mais de 70 cosplays já realizados, e este número a cada ano tende a crescer. E não é só isso, as duas são super parceiras em todas as etapas da produção dos personagens, sendo Estela a principal responsável pelos acessórios e Elisa pela parte de costura. Uma dupla e tanto, não é mesmo? Conversei com as duas, que são minhas amigas e também já me auxiliaram em cosplay e figurino para Hikaru Squad, para saber um pouco mais da trajetória delas na arte e compartilhar aqui no Serial Cookies para todos que apreciam a confecção de cosplays e pretendem um dia fazê-lo! Com vocês: Estela & Elisa!

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Como conheceram o universo cosplay e passaram a se interessar a respeito? 
Elisa:
Conheci em 2007, quando viemos morar aqui. Passamos a frequentar os matsuris e vimos os cosplays. Sempre gostamos de nos fantasiar, desde que éramos crianças. Até ganhei um concurso de fantasia quando era criança. As festas que mais gostávamos durante a faculdade eram as festas a fantasia. Como era uma coisa que sempre gostamos de fazer, vimos a oportunidade e começamos.
Estela: Eu já havia visto em 2006 num matsuri no MON, quando ainda não morava aqui mas vim visitar minha irmã mais velha, que já tinha se mudado para cá fazia dois anos. Alguns cosplayers eu cheguei a encontrar depois que vim morar em Curitiba, mas a maioria eu nem imagino quem fosse.

Quais foram os primeiros cosplays e onde estrearam?
Elisa: Os primeiros cosplays mesmo, que fizemos do zero e ficou decente, foram Anakin e Obi-Wan do Episódio 2. Estreamos na Jedicon PR de 2010. Ainda temos esses cosplays. Antes deles
fizemos dois cospobres cada uma. (Meu primeiro cospobre foi a Yuna Gunner de Final Fantasy X-2 que fizemos alterando roupas prontas. Usei numa festa a fantasia da academia
que frequentávamos na época.)
Estela: Como a Elisa falou, fizemos dois cospobres antes de termos um cosplay decente cada. Em 2008 fizemos na raça, costura a mão e tal. Já em 2009 tivemos nossa primeira máquina de
costura e fizemos nossos segundos cospobres com ela. Era uma máquina bem básica, mas foi mais do que suficiente na época. Para os cosplays de Anakin e Obi-Wan do Episódio 2 já fizemos coisas um pouco mais complexas para quem estava começando. Fizemos as capas deles, os cintos e bolsos do cinto com couro sintético, roupas com tecido tingido. Ainda temos algumas fotos. (Comecei com cospobre de Jedi em 2008 para a festa que a Elisa falou. Eram roupas compradas em lojas bem baratas e peças feitas em EVA sem acabamento. Tudo feito à mão,
inclusive as costuras.)

 

Quais foram os personagens mais desafiadores de fazer e por quê?
Elisa: Para mim foi a Marin dos Cavaleiros do Zodíaco. Não sabíamos fazer armaduras, tivemos que pesquisar muito e testar várias técnicas até chegar num bom resultado. Nem a pintura foi
fácil porque eu queria um acabamento metálico, aí foi difícil encontrar uma tinta adequada. Levou dois anos para ficar pronto.
Estela: Também posso dizer que foi um cosplay de Cavaleiros do Zodíaco, que por sinal ainda não está pronto. Hehe. É a armadura do Hyoga de Cisne. Tive muitos problemas na época pela
falta de experiência com armaduras, refiz várias peças e outras nem consegui fazer. Cheguei até a pintar as peças, mas não gostei do acabamento. Desde então o projeto está parado, pois apareceram outros cosplays para fazermos. Agora já consigo fazer armaduras, apenas não retomei o projeto mesmo.

 

Quais são os mais especiais para cada uma e por quê?
Elisa: O da Jen, a Ranger Rosa de Power Rangers Time Force, porque eu fiz bem direitinho, até a luva. E é confortável, gosto de usar cosplays confortáveis. Os desconfortáveis acabo odiando.
Estela: Todos os que a Elisa faz para mim =). Ela sempre dedica muita energia e carinho na produção dos cosplays, mesmo que não sejam para ela mesma usar.

Todos os trajes e acessórios presentes na foto abaixo foram confeccionados pelas gêmeas:

O que cada uma mais aprecia na arte de confeccionar e vestir um cosplay?
Elisa: Gosto de costurar à máquina, gosto de transformar aquele monte de tecido cortado em alguma coisa. Vestindo um cosplay eu gosto de ficar bonita. Nunca fico parecida com nenhum
personagem que faço, então procuro ficar bonita.
Estela: Gosto de pesquisar imagens de referência e pensar em como posso fazer a peça, qual material usar, qual tinta, etc. Atualmente faço as peças em impressão 3D, então uma das
primeiras coisas é procurar o modelo 3D para poder imprimir. Às vezes eu mesma modelo se não encontrar para download. Sempre gostei de modelagem 3D, inclusive fizemos uma especialização que incluía essa atividade, então foi fácil migrar do papercraft para a impressão 3D. É divertido imprimir, mas não é tão divertido dar acabamento. Hehe. Quanto a vestir um cosplay, o mais legal é, primeiro, se sentir o personagem, depois, estar confortável.

 

 

Qual o maior sonho a ser realizado no mundo cosplay?
Elisa: O maior sonho eu já realizei: conhecer a Yaya Han. Foi na CCXP 2016, quando ela era cosplayer convidada do evento. Mas ainda quero ir a um evento em que ela esteja com a loja
dela, sonho em ver todos aqueles produtos ao vivo!
Estela: Eu gostaria de conseguir fazer algum cosplay bem detalhado, que ficasse quase uma réplica do personagem original, que todo mundo olhasse e não conseguisse dizer uma palavra,
de tão impressionante que seria o resultado. Ainda estou muito longe disso. Quem sabe um dia?

 

E qual foi a maior conquista, até o momento, através desta arte?
Elisa: Minha maior conquista com cosplay foi arrumar um namorado, hahahahahaha.
Estela: Impressionar os atores. Muitos que conhecemos aqui ou fora do país já elogiaram nossos cosplays. Isso me deixa bem feliz.
Elisa: A Yaya Han elogiou nossos cosplays S2.

Quais serão os próximos projetos a serem realizados?
Elisa: Pretendo terminar os que já comecei, são vários: Vampira dos X-Men, alguns Rangers, Morrigan de Dark Stalkers, Sasha dos Cavaleiros do Zodíaco Lost Canvas…
Estela: Tenho tantos projetos inacabados que nem sei qual retomar primeiro. Eu ia fazer o Rocket Raccoon para a CCXP 2015, mas acabei parando por não conseguir fazer a arma. Tentei
fazer com técnica de papercraft, mas estava ficando tudo torto. Naquela época eu ainda não tinha impressora 3D. Quero retomar esse projeto e espero não demorar muito para isso. Também tenho material para fazer o Lion Man laranja e ainda quero muito termina-lo. Por agora farei alguns Rangers por causa de alguns eventos, mas sempre tenho projetos em mente.

Alguma história engraçada e inusitada envolvendo algum cosplay?
Elisa: A história só ficou engraçada depois, mas teve a vez em que roubaram a mochila da Estela na Gibicon de 2014 e tivemos que ir na delegacia usando cosplay.
Estela: Acho que nada superou ir na delegacia de cosplay fazer B.O. Hahahaha. Hoje eu dou risada, mas no dia eu queria chorar mesmo. Fora isso teve as vezes em que fomos ao supermercado, ao posto, ao shopping, usando cosplays e as pessoas nos olharam torto. A Elisa esqueceu de contar, mas teve a vez em que ela quase ficou sem roupa no AF 2013 pois pisaram na cauda do cosplay dela de Daenerys e quebrou a ombreira que sustentava o vestido. Hahahaha.
Elisa: Esqueci dessa vez. Saí segurando um lado do cosplay para não ficar com o peito de fora. Hahahahahahahahahaha.

Quais as maiores referências entre cosplayers, marcas e artistas ao redor do mundo que influenciam nas confecções de vocês?
Elisa:
Com certeza a maior influência é a Yaya Han. A gente sempre aprende um pouco com cada um, cada tutorial que assiste/lê, mas a Yaya, para mim, é a melhor cosplayer do mundo, embora eu acompanhe o trabalho dela há relativamente pouco tempo, desde 2013.
Estela: Como a Elisa falou, sempre se aprende um pouco com cada um. Tem muito tutorial legal na internet. A maioria de pessoas de fora do Brasil. Não procuro seguir ninguém específico até porque tem muita gente convencida demais nesse meio, então, de nome, só lembro da Yaya como referência.

Quais as maiores dificuldades ao começarem um personagem do zero?
Elisa: Para mim, como eu faço a parte da costura, é escolher os moldes a serem usados. Na maior parte das vezes preciso alterar moldes de roupas “normais” e adaptá-los ao cosplay que estou fazendo.
Estela: Como eu faço os acessórios, armaduras, etc, o mais difícil é conseguir boas referências, que mostrem o objeto ou a armadura por completo, com todos os seus mínimos detalhes. Nem sempre se encontra isso. Outra dificuldade é acertar o tamanho. Já imprimi armadura que ficou muito grande e acabei desperdiçando tempo e material. Mas faz parte. Às vezes não tem como prever como cada parte da armadura ficará no corpo. A não ser que tivéssemos um modelo 3d escaneado de nós mesmas.

Quais as mídias mais requisitadas na hora de escolher um personagem?
Elisa: Depende, às vezes começo assistir alguma coisa, jogar alguma coisa, etc e dá vontade de fazer um personagem que gostei/me identifiquei. Alguns a gente faz porque são personagens
que gostávamos quando crianças, como as Tartarugas Ninja, e às vezes a gente passa a gostar da mídia porque fez o cosplay. É o caso de Game of Thrones, nos chamaram para fazer os cosplays para um evento na Livraria Cultura e eu acabei me apaixonando pela Daenerys.
Estela: Tudo o que eu gosto. Hehe. Se for um jogo, filme, anime, mangá muito bom, dá vontade de fazer o cosplay. Às vezes também a aparência do personagem também é muito legal e dá vontade de vestir aquela roupa/armadura, ainda que a mídia não seja tão boa.

Deixem um conselho para os que desejam iniciar na arte e não sabem por onde começar.
Elisa: Escolham um fazer personagem que gostem, não só por ser modinha.
Estela: Não larguem a escola e comam vegetais. Brincadeirinha. Primeiro de tudo, não deixem de começar a fazer cosplay por acharem que vai ficar mal feito, que vão rir de você. O cosplay
é algo para ser divertido, embora muita gente tenha se tornado profissional e consiga ganhar dinheiro com isso. Para começar, basta ter vontade, principalmente vontade de ir atrás das informações. Pesquisem na internet, sejam curiosos. Tem tutorial para praticamente tudo. Procurem descobrir que tipo de coisa vocês gostam mais de fazer no cosplay. Mas é importante estar sempre evoluindo, não achar que faz os cosplays mais incríveis do mundo e que não precisa melhorar em nada.