Jacob e Wilhem Grimm foram dois acadêmicos alemães que fizeram sucesso no século XIX. Entre outros projetos, os irmãos Grimm publicaram vários contos de folclore que coletaram durante anos conversando com, na maioria, aristocratas que repassavam histórias contadas por seus servos. Foi assim que nasceu a Branca de Neve, Rapulzel, Rumpelstilskin, João e Maria e muitos outros contos. Embora os livros fossem bem recebidos, haviam críticas que alguns dos textos seriam muito pesados para crianças, vez que as histórias eram destinadas à elas. Durante as décadas, essas histórias foram sendo modificadas, chegando aos (quase) inocentes clássicos da Disney. Mas assim como é interessante deixar os contos mais leves para crianças, deixá-los mais dark é um atrativo pra o público mais velho. Após vários livros e filmes explorando o assunto envolvendo desaparecimentos e assassinatos, a NBC Universal lança uma série que mistura elementos procedurais com a mitologia envolvida tanto na história dos próprios autores quanto em seus contos.

Diferente da série da ABC também com o mesmo tema de fantasia (Once Upon a Time), a premissa de Grimm é que todas as criaturas dos contos de fadas realmente existem, mas se escondem por trás de uma máscara humana. Há um grupo de caçadores, denominados Grimm, que lutam contra as forças do mal desses seres e que estão praticamente extintos. O protagonista da série é Nick, um detetive que após começar a enxergar monstros no lugar de pessoas, descobre ser descendente do grupo. De tal maneira, a série coloca em seu piloto a história da Chapeuzinho Vermelho como um caso para os policiais envolvendo um “lobo mau” serial killer.

Com esse clima obscuro, a série mostra-se promissora. O lado fantástico do episódio pode não ser tão apreciado devido às informações que são passadas para o telespectador, mas é o suficiente para entreter e criar expectativas. A sub-trama do piloto é bem desenvolvida, e nos faz pensar em que outras histórias infantis serão transformadas em casos policiais. O protagonista não possui nenhuma característica que o faça ser lembrado, fazendo com que sua tia (Kate Burton, de Grey’s Anatomy) seja bem mais intrigante. No entanto, é necessário considerar que Nick não possuia nada de chamativo até descobrir sobre o passado da sua família, então é bem provável que seu personagem ficará mais interessante ao passar dos episódios. Os efeitos especiais podem não ser obras primas, mas não causam uma quebra na trama fazendo o público notar mais as próteses ruins do que a história.

O elenco conta com Silas Weir Mitchell (24 HorasPrison Break) e Sasha Roiz (Caprica,Warehouse 13), além de roteiros e produção de veteranos das séries Buffy e Angel. Com dois programas sobre contos de fadas no ar, fica a dúvida de qual chamará mais atenção do público: o mais fantasioso ou o mais sombrio.