Contém Spoilers

Um grupo de astronautas está em missão em órbita. A princípio está ocorrendo tudo bem. Há humor, toca “África” de Toto e o momento está descontraído. Até algo inexplicável acontecer. As coisas saem do controle, o astronauta Brian Harper nota algo não identificado vindo de uma das crateras da lua, perdem um dos tripulantes e retomarem para a terra com a descontinuação da missão sendo justificada pelo governo como falha e incompetência de Brian Harper. Resultando com o seu desligado da NASA, e com sua colega Jo Fowler, que ficou inconsciente durante o acontecimento, sem poder afirmar se o que o Brian viu era real ou não.

Só nestes primeiros minutos, lembramos de algumas semelhanças com o filme Gravidade (de Afonso Cuarón, 2013, com Sandra Bullock). Moonfall poderia ser “mais um filme com catástrofe, scifi e galáxias” de Roland Emmerich, que traz em seu currículo obras como “O Dia depois de amanhã” (2004), “2012” (2009), “Independence day” (1996), “Independence day: O Ressurgimento” (2016), “Godzilla” (1998), etc. Mas não é. Não que estas temáticas fossem um problema, pelo contrário, adoramos muitos destes filmes, especialmente quando missões da Nasa e os mistérios do espaço entram na narrativa. A trama segue para uma virada e traz pensamentos bastante interessantes.

A suposta falha da missão faz a carreira e a vida pessoal de Brian Harper desmoronar e tudo reflete e impacta na família e no filho. Em contraponto oposto Jo Fowler ganha um alto cargo e segue bem sucedida. Tudo porque o que foi visto e gravado na câmera de Harper nunca foi revelado. Da mesma forma que não havia sido revelado ao mundo o que foi visto na Missão Apollo 11, em 20 de julho de 1969, quando o mundo acompanhou Neil Armstrong ser o primeiro homem a pisar na lua e houve uma interrupção da transmissão e contato com a Terra, por 2 minutos. Casos encerrados, encobertos pelo governo impedindo que a NASA transmita a informação. Na trama do filme, o responsável por ocultar as informações secretas do governo relata que esta perda de contato foi proposital pelo fato de terem realmente encontrado algo a mais na superfície da lua naquele momento tão aguardado. Informação que ficou oculta por 50 anos. Contudo, quando coisas assim vêm à tona, passa a ser algo inevitável de deter.

10 anos após a missão de Harper e Fowlwr, KC Houseman entra na narrativa. Ele é um cientista amador auto didata. O nerd apaixonada pelas questões do universo, pela Nasa e pelas belezas do céu, associada a uma memória afetiva.

Houseman, por não ser oficialmente um doutor em astronomia raramente é levado a sério, especialmente pela sua teoria de que a lua é uma super estrutura criada por tecnologia alien através de material orgânico; e encoberta com a roupagem de “lua”. Porém ele quem descobre primeiro que a lua está saindo da órbita normal e que muito em breve afetará o estado gravitacional da terra. Ele tenta entrar em contato com a NASA, sem sucesso, busca mostrar sua pesquisa para Brian Harper, sem sucesso à primeira vista também. Porém, Harper sabe como é deter de um conhecimento específico, que pode mudar o rumo da humanidade e ninguém te dar ouvidos.

“Eu sei como é quando ninguém te dá ouvidos” >> Brian Harper (Moonfall)

>> Brian Harper (Moonfall)

Desequilíbrios naturais ocorrendo, busca pela chance de sobrevivência, desespero da população em estocar suprimentos, dualidades entre Jo Fowler buscando uma forma de deter a situação pela NASA contra os militares querendo apelas para armas nucleares, aquela já conhecida briga. Aproveito para abrir um adento e questionar, porque em 99% das situações, para a maioria dos militares, a chave da solução é partir para bomba nuclear? Eles nunca pensam no depois? O mundo pode virar Jogos Vorazes! Mas isso é discussão para um outro momento.

Mas afinal, o que tem na lua e porque está acontecendo todo este caos? Enfim, confirmam-se as teorias de KC, de que a lua é sim uma mega estrutura. E mais do que isso, no centro sendo alimentada por uma estrela anã (lembram quando Thor, da saga Vingadores, foi no centro de uma estrela refazer seu Mjölnir? Imaginem neste momento uma estrutura semelhante). Mais do que isso, o centro possui uma força oculta que mantém uma câmara de memória que além de possuir oxigênio detém de todo um conhecimento ancestral da raça que precedeu a humana. Uma raça cujo genoma e sua civilização já contava com tecnologia de ponta. anos luz à frente, inteligência artificial e principalmente: harmonia e coexistência em equilíbrio. Foi o evento de rebelarão da I.A. daquela civilização que estes ancestrais de milhares de anos atrás buscaram, através da lua, a megaetrutura, uma galáxia que comportasse de forma adequada e se tornasse um novo lar para esta civilização. E então encontraram o Sistema Solar e a Terra. O ponto alto do filme é quando Harper entra nesta câmara de memórias e detém estas informações. Através de uma conversa telepática, tomando a roupagem de alguém que tenha uma conexão afetiva com ele. Muito semelhante à forma que a grande inteligência fala com Carol Denvers em Capitã Marvel. Além da grande consciência passar para ele a informação desta história ancestral, é feito um download mental de todo este conhecimento tecnológico desta antiga civilização.

“Tudo o que sabíamos sobre e vida e o universo, foi jogado fora””

>> Jo Fowler (Moonfall)

Toda a trama nos faz pensar sob diversas perspectivas. Nos abre inclusive para uma reflexão: O do porque e para quem fazemos as coisas que fazemos. Esteja você em um alto cargo em uma empresa importante, ou falido, desempregado. O que te motiva enfrente o risco de sair de casa e ser atingido por um meteoro se a lua saísse de sua órbita? O que te motiva a se arriscar entrar em um foguete com navegação de tecnologia analógica, e enfrentar os perigos além da terra? O que te motiva a continuar insistindo em uma pesquisa revolucionária perante a sua descoberta, quando não te escutam, não te levaram a sério? Grandes fatos e ações tem um por que ou por quem. Seja um filho, uma mãe, um ensinamento poderoso de alguém te ama. Sentimentos primordiais que motivam a boas escolhas, se conectando com a essência primordial da civilização ancestral que deu origem a raça humana no planeta terra. O ódio, a separação e a ganância de sonegar informações e conhecimentos transformadores que causam o desequilíbrio. Desequilíbrio natural, separação por fronteira, cargos, etc. Desequilíbrio que no filme metaforicamente é visto pela alteração de órbita da lua fazendo com a gravidade aja nos mais diversos abalos sísmicos, enchentes, caos.

“Lutamos por quem amamos”

>> Brian Harper (Moonfall)

O que posso dizer é que o filme fantástico que merece ser apreciado em tecnologia IMAX. Vá com a mente aberta, não vá com a visão “é só mais um filme de catástrofe de Roland Emmerich”. Fecho este texto compartilhando o que mais me encanta em filmes que trazem temáticas do universo além do planeta terra; que é o mesmo pensamento que Neil Armstrong mencionou em entrevista antes de entrar na NASA: Descobertas científicas e projetos galácticos são muito além que apenas a exploração do cosmos e ciência. São situações, fatos, descobertas que mudam a nossa percepção de vida. É sobre o quanto podemos muito mais do que imaginamos, do quanto é possível ir além. E ainda acrescento poeticamente, que também é sobre o porque e para quem fazemos o que fazemos e encontramos motivação para acordar todos os dias e abrir nossa mente mais e mais e buscar realizar nossos sonhos.

“Obrigada por acreditar nas minhas histórias malucas”

>> Holdenfield (Moonfall)

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PLUS indicações de filmes que trazem pensamentos interessantes que na minha percepção complementam MoonFall: Primeiro Homem (2018 – diretor Damian Chalezze), Perdido em Marte (2015 – diretor Ridley Scott), Estrelas além do tempo (2016 – diretor Theodore Melfi) e Interestrellar (2014 – diretor Christopher Nolan) para fechar com chave de ouro e sem nenhum receio de ser imparcial, afirmando que é um dos melhores filmes EVER da temática e que vai além.