Inspirado e adaptado de um dos grandes clássicos da prestigiada escritora Agatha Christie (Death on the Nile), Morte no Nilo traz mistério, belos cenários e te prende querendo saber o desfecho da história. Produção bem inglesa com Kenneth Branagh na direção, produção e como protagonista o detetive Hercule Poirot.

Hercule Poirot, após um acidente em batalha na Bélgica e um desentendimento com a esposa, torna-se um solitário e brilhante detetive. Solitário, porém sempre atendo e observando o menor dos movimentos e sutilezas das relações ao seu redor, mesmo enquanto apenas aprecia um bom jazz e blues, cuja cantora também o intriga. Em supostas férias no Egito, reencontra um amigo antigo, Bouc (Tom Bateman) e com o desenrolar da história, nada por acaso, embarca em uma celebração de casamento da milionária Linnet Doye (Gal Gadot) com Simon Doyle (Armie Hammer).

A festa se estende em um barco de luxo pelo Nilo com passeios pelo Egito antigo. Nomes históricos fazem parte da trama como Nefertiti, Cleópatra, Ramsés. O Antigo Egito normalmente desperta curiosidade e alguns questionamentos intrigantes, como o fato de que a esposa de um grande faraó chegava a ser enterrada viva com o esposo mumificado, e toda fortuna; porque deveriam ficar juntos por toda eternidade e desfrutar de seus luxuosos bens materiais “do outro lado da vida”. (Coitados! Que crenças mais limitantes!). Questionamentos que combinam com o mistério da trama que envolve um casamento, muito dinheiro e ambições.

Mortes ocorrem, um clima de medo e dúvidas é instalado no ar e cabe a Poirot desvendar o culpado, pois todos são suspeitos. O momento em que cada um dos personagens entra na mira de Poirot, somos levados a questionar junto. Os momentos em que acompanhamos a fala do detetive e atentos pensamos “Será? Mas será?”, que é uma das grandes diversões deste tipo de narrativa.

Não há violência explícita ou cenas desagradáveis com sangue por todos os lados; o que foi muito bom para a história. O foco ficou no mistério e na resolução lógica do detetive, a lá Sherlock Holmes. O desenrolar é fluído a fotografia é maravilhosa associada a belos figurinos que deram todo tom antigo às filmagens de forma muito charmosa.

Não vou comentar sobre a particularidade de cada personagem, para não estragar a experiência de assistir ao filme, apostar e descobrir qual o desfecho e seu culpado. O que eu gostaria de deixar como mensagem e reflexão é para prestarmos atenção quando uma situação nos cega, nos impede de discernir e enxergar o que realmente está acontecendo. Ódio e vingança não levam a nada, pois quando a pessoa acha que chegou a um determinado objetivo ou “prêmio” almejado, esta conquista não será propriamente desfrutada. Pelas motivações erradas a recompensa não vale a pena e chega a perder o sentido. Sentimentos assim nos afastam da humanidade e nos aprisiona. O orgulho vem antes da queda e a energia da raiva inconsciente se torna um veneno e dispara diferentes problemas em nossa vida.

Para fechar com uma curiosidade, uma famosa e peculiar jóia foi usada por Gal Gadot, se tornando uma das poucas mulheres do mundo a “vestir” o diamante amarelo de 129 quilates da Tiffany’s. O diamante que foi usado pela primeira vez por Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo” e por Lady Gaga no Oscar de 2018 no ano que recebeu a estatueta dourada por “Shallow” de “Nasce uma Estrela”.  

O filme estreia no Brasil hoje e leva 3 cookies e meio. E aí? Ansioso para o filme? Se já assistiu, acertou no seu palpite sobre quem foi o culpado? Me conte da sua experiência!