Patinhas Mc Pato é um personagem que dispensa apresentações, ou quase isso, visto que, como muitas figuras dos gibis, o pato é representado de diferentes formas em diversos formatos de mídia e por diferentes autores, ainda que suas características básicas continuem as mesmas: um velho avarento podre de rico. Porém, é nas aventuras de Carl Barks e Don Rosa que realmente conhecemos a história do pato mais rico do mundo que iremos abordar desta vez.

Dono de uma fortuna imensurável, o pato escocês vive em Patopolis, onde se localiza sua caixa forte lotada de dinheiro e é constante alvo de vilões que pretendem se apossar desta fortuna. Felizmente, Patinhas conta com astúcia e ajuda dos sobrinhos: Donald e os trigêmeos Huguinho, Zezinho e Luizinho. Claro, metade do tempo os patos viajam pelo mundo em busca de riquezas fantásticas e lendárias.

O velho sovina foi inicialmente introduzido nas histórias do Pato Donald como uma espécie de vilão que só trazia problemas para o protagonista, e logo se tornou uma justificativa para as aventuras dos patos, sempre com sua avareza e ganância. Já em sua primeira aparição, Patinhas deixa claro ao leitor o quanto odeia as pessoas e é odiado por elas, mas felizmente esse ódio é suavizado, e com o passar dos anos, conhecemos outras facetas do pato e do seu passado.

De família pobre, Patinhas saiu de casa ainda uma criança em busca de uma vida melhor. Trabalhou duro para enviar dinheiro aos pais enquanto explorava as oportunidades que levariam a tão sonhada fortuna. Sempre honesto, empreendedor e visionário, na jornada o que não faltaram foram aproveitadores e bandidos para atrasar seus planos e tirarem o máximo possível dele, e quando finalmente conseguiu atingir sua meta, já tinha se tornado amargo e sem família. Se isolou então da sociedade até conhecer os sobrinhos, que como todos, só conheciam sua avareza e não tinham ideia do quanto ele poderia ser boa gente. 

A sorte favorece os bravos, e a companhia dos seus sobrinhos trouxe à tona tudo que o pato velho tinha de nobre, o que foi demonstrando aos poucos e muitas vezes de forma sutil e disfarçada. Claro, os defeitos morais do personagem continuam presentes nos quadrinhos, tudo em nome do humor que permeia suas histórias, mas fica claro que Patinhas não se importa mais com o dinheiro que passou a vida inteira acumulando: é o tempo que passa junto de sua família que conta e suas aventuras só valem a pena pela companhia dos sobrinhos. O pato mais rico do mundo continua sendo um símbolo de avareza sob os olhos da sociedade que o julga e rotula, que enxerga sua fortuna e não os seus feitos, muito menos sua luta diária por redenção.

A fortuna de Patinhas não tem fim, e está espalhada pelo mundo em diversos empreendimentos. E em sua caixa forte se encontram os maiores tesouros de valor incalculável: cada moeda é uma lembrança das aventuras que teve e testemunho do esforço para ser conseguido. Somente seus sobrinhos tem acesso a esse lugar, mesmo sem saberem o significado real desta fortuna.

A verdade é que Patinhas vive cercado em uma fortaleza impenetrável, com paredes feitas de avareza e orgulho, amargura e solidão, ódio e arrependimento, medo e insegurança. Dentro deste cofre, aí sim, se encontra uma fortuna – feita de trabalho duro e honestidade,  altruísmo e bondade, coragem e gentileza. Felizmente, seus sobrinhos tem acesso a este tesouro, podendo desfrutar dele… E não é à toa que nós chamamos o pato mais rico do mundo de Tio Patinhas.

Para mim, as histórias do Tio Patinhas apresentaram tesouros lendários vindos de diversas culturas, e por muito tempo essas aventuras eram o maior chamativo. Mas o tempo todo estive acompanhando sem saber lições sobre o real valor das coisas, de quanto as experiências, os valores morais e a família são mais preciosas, e de que o dinheiro é apenas consequência do esforço e honestidade. No fim, Tio Patinhas ainda é um velho ranzinza e muquirana em busca de aventuras e da redenção e felicidade que elas trazem, e são esses valores que fazem dele o  pato mais rico do mundo.