Acredito que todo mundo já estudou com um colega “esquisito” que está sempre de preto e assistiu aqueles filmes de terror mil vezes, provavelmente esse seu colega já ouviu falar de Junji Ito, um dos grandes mestres do horror no Japão. Caso você seja esse colega “esquisito” (assim como eu era), está no lugar certo!

Junji Ito é um mangaká que fez seu nome nas histórias de horror, apresentando um traçado tão interessante que se torna uma experiência visual indispensável para a narrativa. Seu primeiro mangá foi publicado em 1987, entre suas criações mais famosas estão: “Tomie”, “Uzumaki” e “Gyo”. Em 2006, Ito lançou “Shin Yame No Koe – Kaidan” sendo seu último lançamento do gênero até esta coletânea lançada em 2017.

Meu primeiro contato com o autor foi “Uzumaki” por indicação do meu marido, logo nas primeiras páginas me vi obcecada pela história e pelos desenhos impactantes, isso se repete em “Fragmentos do Horror”. Depois de oito anos longe desse gênero é possível notar que, apesar de sempre criativo, Ito por hora perde a mão da história que, ou acaba muito rápido ou deixa a história mais cômica do que aterrorizante.

O livro traz oito contos: “Futon”, “Monstro da Madeira”, “Tomio: Gola Rulê Vermelha”, “Suave Adeus”, “Dissecação-Chan”, “Pássaro Negro”, “Magami Nanakuse” e “A Mulher que Sussurra”.

Junji Ito cumpre o que se espera, traz histórias e desenhos surrealistas e bem dosados, simples e carregado na hora certa, com aquele “gore” e o climão de terror psicológico que os japoneses dominam. Se você é um fã assíduo de terror/horror como eu, esse livro é um prato cheio daqueles! Apesar de eu ter finalizado em poucas horas, é impossível não passar um bom tempo apreciando todo o visual do traçado que completa e enriquece qualquer uma de suas histórias.

Porém, devo dizer que (apesar de amar muito) tem alguns defeitos, é perdoável que depois desses anos longe do gênero suas histórias não sejam iguais ao que era no seu ápice, mas desde suas obras anteriores é nítido que o clímax de suas criações é tão intenso que ele mesmo não sabe como terminar e o desfecho acaba deixando à desejar, o que acontece nesse livro. Felizmente o mangaká consegue prender o leitor na narrativa por mais simples que seja e com seus desenhos únicos compensa os possíveis finais fracos.

De todas, a minha história favorita é “Tomio: Gola Rulê Vermelha”. E o seu?