Após vários adiamentos, Alfa (Alpha) finalmente estreou nos cinemas. O filme é uma aventura épica de visual deslumbrante que se passa na Europa durante a última Era do Gelo (portanto, 20 mil anos atrás), contando como teria sido a domesticação do lobo pelo ser humano. Enquanto caçava pela primeira vez com sua tribo para sobreviverem ao inverno que estava por chegar, o jovem filho do líder, Keda, sofre um acidente, é dado como morto, e por isso é deixado para trás. Para sobreviver, ele faz amizade com um lobo abandonado por sua alcateia, e logo aprendem a colaborar um com o outro para caçarem e enfrentarem os perigos da natureza até acharem o caminho de casa.


Alfa foi filmado em sua maior parte no Parque Provincial Dinossauro em Alberta, Canadá, de produção dos EUA. Para se aproximar do período histórico em que se passa, foi criado um idioma fictício baseado em proto-idiomas da época. O filme é todo falado nessa linguagem em sua versão original, a qual foi criada por Christine Schreyer, uma professora de antropologia da Universidade da Columbia Britânica (Canadá). Ela também foi a responsável por criar a linguagem criptoniana do filme Homem de Aço (2013).

Possuindo um público-alvo infanto-juvenil, Alfa tem uma história linear, um tanto dramática, mas que não se aprofunda muito. É simplesmente uma história de amizade improvável durante a pré-história, ou seja, espere a aparição de animais como mamutes e tigre dentes-de-sabre, embora não sejam o foco.

A história da domesticação contada pelo filme se baseia em estudos que mostram que lobos e humanos se aproximaram para sobreviver. Uma colaboração como essa pode ser necessária à sobrevivência de ambos em tempos difíceis. Com o tempo, essa colaboração se tornou amizade e terminou no surgimento dos cães. Isso ocorreu duas vezes, sendo uma na Europa e outra na Ásia. Com a imigração de seus donos, as genéticas se misturaram e os cães como conhecemos hoje foram surgindo. Algumas raças se afastaram muito de sua genética original, enquanto outras ficaram mais próximas de seus ancestrais. Uma delas é a usada no filme, o Cão Lobo Tchecoslovaco, raça relativamente nova criada a partir de cruzamentos de cães da raça Pastor Alemão com lobos euro-asiáticos. Aliás, em alguns momentos, pode-se notar que é um cachorro que está sendo filmado, pois cães e lobos fazem coisas, como beber água, de modos diferentes (cães usam a língua, enquanto lobos sugam a água como nós). No filme, ao ser oferecido água, o lobo usa a língua.

A obra tem paisagens lindas e a ideia de criar um novo idioma foi ótima, mas o cuidado com os detalhes não se estendeu em todas as áreas. As vestimentas eram claramente adaptações forçadas de roupas de frio atuais, e a edição também pecou. Certos acontecimentos ficaram sem muita explicação, como se faltassem cenas para se complementarem. O entendimento da trama, porém, não ficou comprometido.

Alfa é despretensioso e tem momentos que emociona quem tem um coração mole. Como entretenimento simples, ele funciona, então se você gosta de filmes com animais e quer só curtir sem precisar pensar, essa obra pode ser uma boa opção.

O filme é dirigido por Albert Hughes (O Livro de Eli), estrelado por Kodi Smit-McPhee (X-Men: Apocalipse) como o protagonista Keda, Jóhannes Haukur Jóhannesson (Game of Thrones) como o pai e líder Tau, Mercedes de la Zerda (Planeta dos Macacos: A Guerra) como a mãe Nu, e Morgan Freeman (Invictus) como o narrador. Foi produzido pelo Studio 8 e distribuído pela Columbia Pictures. Sua estréia no Brasil será em 6 de setembro de 2018, com classificação indicativa de 10 anos.

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Trailer: