Contém spoilers
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Goosebumps é uma série de livros infanto-juvenil de suspense dos anos 90 que virou série de tv e tem sido republicado pela editora Fundamento aqui no Brasil. O americano Robert Lawrence Stine, ou R. L. Stine, decidiu que seria escritor aos 9 anos de idade; escreveu e editou diversas revistas infanto-juvenis durante vinte anos para então em 1992 iniciar a série de terror e suspense Goosebumps.

No Brasil, em torno do início dos anos 2000, a série de TV era exibida em horário nobre pelo canal Fox Kids, e eu adorava! Descobri os livros na sequência (que pasmem, custava R$ 3,90 nas banquinhas). Tenho a minha edição favorita até hoje “O Parque do Terror” (One Day at Horrorland) e uma amostra com o primeiro capítulo do primeiro livro publicado “A Casa do Terror”, que veio de brinde em alguma revista na época pela editora Abril. O Episódio era duplo, infelizmente não lembro a qual temporada fazia parte, e na Netflix temos apenas a 1ª disponível.


No ano de 2015 saiu o primeiro filme inspirado na saga – Goosebumps: Monstros e Arrepios – que tem como protagonista o adolescente Zach Cooper (Dylan Minnette), que ao se mudar para Madison, conhece a vizinha Hannah (Odeya Rush). Este começo automaticamente lembra o início do segundo episódio da primeira temporada da série, “Ele saiu debaixo da pia”, em que aparece a cena de uma família se mudando, a luz do dia chega na nova casa, e aos poucos, coisas estranhas começam a acontecer. O pai de Hannah assume um nome falso; Sr. Shivers (Jack Black) mas na verdade ele é o próprio Robert Lawrence Stine, e secretamente em seu escritório há uma estante na qual mantém todos os fantasmas e monstros da série trancados em seus manuscritos. Zach, sem querer, acaba libertando os fantasmas e os monstros dos manuscritos, e aí que a aventura realmente começa!

Relembrando outra cena da abertura da série, a figura que representa Stine segura uma maleta com as suas iniciais. No filme, a maleta é referenciada e contém uma máquina de escrever. Muitos monstros e títulos dos livros e série também foram citados, como “O espantalho anda à meia noite”, “O fantasma da casa ao lado” e “A vingança dos gnomos de jardim”. É nostálgico, assim como a aparição de um parque de diversão meio macabro possa vir a ser uma referência ao título “O Parque do Terror” (como eu queria resgatar os episódios e reviver o momento!). O boneco ventríloquo Slappy, de “O mistério do boneco” tem grande destaque no filme, inclusive com a voz sendo feita pelo próprio Jack Black.

O filme possui um pouco menos de tensão comparado ao seriado, e resulta em cenas mais cômicas. Na abertura do seriado, R. L. Stine passava uma imagem misteriosa, uma figura de preto representando o autor com a ideia de seriedade total, diferente da imagem que o Jack Black passa, de “brincalhão” e “tirando sarro”.


Maleta R.L.Stone na abertura do seriado x Máquina de Escrever no filme

Contudo, o filme ainda segue a fórmula do seriado “Começo – meio – reviravolta – fim”, deixando um pequeno mistério no ar que pode ser uma premissa para uma continuação. No caso da série e dos livros, esta continuação sempre ficou por conta da imaginação do leitor/espectador. O que nos leva a obra de 2018 – Goosebumps 2: Halloween Assombrado.

O filme inicia na cidade de Wardenclyffe com a personagem Sara (Madison Iseman, a Bethany do novo Jumaji) tentando escrever a redação para admissão da Universidade Comumbia. O tema pede para discorrer sobre “Medo – como enfrentou e como superou”. Belíssimas tomadas da cidade com decoração de Halloween já enchem os olhos nas primeiras cenas. Me lembrou da decoração da Disney no Magic Kingdom na celebração “Mickey’s not so scary halloween party” (é o tipo de atividade que, quem tiver a oportunidade de vivenciar, recomendo DEMAIS! É simplesmente fantástico).

Halloween em Wardenclyffe

Mickey’s not so scary halloween party – 2017

Dá vontade de sair andando pelas pequenas vias dizendo “travessuras ou gostosuras?” e enchendo uma sacola de doces. Especialmente quando somos apresentados ao vizinho de Sara, o Sr. Chu. Ele que é tão vidrado na decoração de Halloween que parece ter um miniparque temático em frente de casa. E claro, tudo tem um motivo.

Além de Sara e do Sr. Chu, somos apresentados ao Sonny (Jeremy Ray Taylor), irmão de Sara; a mãe deles (Wendy McLendon-Covey) e ao Sam (Caleel Harris); amigo de Sonny. Os dois amigos iniciam um “Empreendimento Amador” chamado “Junk Bros” (irmãos tralha) no qual o objetivo é carregar objetos descartados de mudança dos contratantes. Eis que recebem uma ligação misteriosa que os leva a uma casa um tanto peculiar (bem ao estilo It – A Coisa) e na entrada nos deparamos com uma pequena placa escrita “Stine”. E mais uma referência – os gnomos de “A vingança dos gnomos de jardim”.



Na casa, próximo a lareira, um gato empalhado é a chave para uma passagem secreta que revela um baú e um livro trancado e sem final. Semelhante à casa de Stine no filme anterior, que guarda todos os manuscritos trancados em uma estante. Quase como uma referência ao ditado popular “a curiosidade matou o gato” pois ao abrir a obra quem aparece…? Slappy, o boneco ventríloquo que deixou a entender no final de “Monstros e Arrepios” que estava sim vivo.

Assim como no primeiro filme percebemos alguns pontos: Slappy é o vilão principal; o trio principal tenta rapidamente se livrar dele e obviamente só pioram a situação. E também nos deparamos com os mesmos efeitos especiais das letrinhas voando, vistos na sequência de cenas nas quais os monstros são libertados dos livros. Slappy dá vida a tudo que é relacionado ao Halloween, dos itens de decoração do mercado, às fantasias e até as guloseimas temáticas. Alguém já imaginou gummy bears “do mal”? É mais engraçado do que medonho!

Slappy dá vida a tudo que é relacionado ao Halloween, dos itens de decoração do mercado, às fantasias e até as guloseimas temáticas. Alguém já imaginou “gummy bears do mal”? É mais engraçado do que medonho!

Sara, Sonny e Sam, na tentativa de pesquisarem formas de como resolver o problema, se deparam com notícias sobre acontecimentos sobrenaturais estranhos. Em outras palavras, os acontecimentos de “Monstros e Arrepios”. Seguido de um telefone de contato da Associação Richard Shiveres, nome usado na obra anterior antes de sabermos que era o próprio R. L. Stine. Eis que temos uma surpresa: Jack Black que só apareceu em um mini trailer retorna como Stine, mas desta vez como personagem secundário. Praticamente uma participação especial.

Lembram do Sr. Chu e sua fixação com o Halloween? Pois bem, o mesmo é fã das obras de Stine e é uma das pessoas que mais ajuda na hora das resoluções. E voltando a ideia de que os finais deixam um mistério no ar para imaginação do espectador, desta vez não foi diferente… Será que podemos esperar por um Goosebumps 3? Tomara! Pois livros e episódios de inspiração não faltam.

Ambos são para entreter de forma leve, um “terror cômico” de classificação infanto-juvenil. Não são filmes para dar medo, são para se se divertir. Se você não acompanhava a série, talvez ache as histórias um tanto fracas, sem o peso da questão da nostalgia. Mas se você curte e pretende comemorar de alguma forma o Halloween, são duas sugestões para entrar no clima!

Ainda que sejam filmes mais simples na indústria cinematográfica, a mensagem final é muito positiva. Como mencionado, o segundo filme começa com Sara tentando escrever uma redação sobre o medo para entrar na universidade. Ela apresenta bloqueio criativo e dificuldades com a escrita. No final ela se dá conta que uma hora é preciso encarar os fatos e as dificuldades, mesmo que esteja com medo. Porque enfrentar é a forma de fazer com que estes medos pareçam menos assustadores. Até que uma hora, eles se resolvem e desaparecem!

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BÔNUS: Vamos relembrar a música tema da abertura do seriado? Só dar play e sentir a nostalgia!