Ser mãe não é uma tarefa fácil. Há quem diga que nunca mais foi a mesma pessoa desde que deu a luz, e é o caso da protagonista da história Minha Mãe é Uma Peça, a dona Hermínia. Criar, educar, se preocupar, não dormir, dentre outras atividades diárias de ser mãe são muito presentes na saga e fazem parte da vida de muitas mães. Mas quando os filhos crescem, saem de casa e formam suas próprias famílias? A mãe que exerceu 100% a missão de criação, muitas vezes colocando a necessidade dos filhos sempre acima das suas, precisa entrar em um novo ciclo. E nem sempre é fácil, especialmente para dona Hermínia, a mãe mais ansiosa, engraçada, sem filtros e divertida do cinema brasileiro.

Minha Mãe é Uma Peça é derivado do espetáculo monólogo para o teatro criado em 2006 pelo ator brasileiro Paulo Gustavo. O primeiro filme é de 2013, o segundo de 2016, e em 2019 temos o terceiro. Baseado na história de vida e na própria mãe de Paulo Gustavo, a trama se passa em Niterói e em partes em São Paulo, contando a história da Dona Hermínia, seu ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri) e os filhos do casal, Garibe (Bruno Bebianno), Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier). Hermínia pega constantemente no pé dos filhos desde sempre, mesmo sem perceber que eles já estão bem crescidinhos. E é hilário! Risadas do começo ao fim, nas manias, jeitos, e surtos, às vezes um pouco exagerados, mas que fazem parte do estilo de comédia do filme e de interpretação do ator.
Neste terceiro filme, Hermínia (Paulo Gustavo), que já era bem ansiosa, têm pico de pânico por não ter o que fazer. Ao mesmo tempo preocupada com a vinda da velhice e as preocupações mais recorrentes da idade como plano de saúde, problemas de glicose, artrite e artrose. Todos lidado de forma cômica. Simultaneamente as preocupações giram pela falta de poder ter os filhos pertinho, que seguiram suas vidas. Suas distrações ficam por conta de afazeres de casa, que não a deixa muito feliz e muito menos completa.
“Até que ponto temos obrigações com o bem-estar, felicidade e segurança dos outros e temos uma escolha em nossas obrigações?”.
Via site Enlichteninglife

O sentimento de mãe que não consegue entender que os filhos cresceram é muito forte. Ela sente falta de resolver os problemas para eles e fica triste com isso porque os filhos, não estando mais em sua “asa” fazem com que ela se sinta um pouco perdida. Tendo devaneios, demonstrados em flashbacks da infância dos filhos. Porém, é o ciclo da vida, as crianças crescem, não ficam bebês para sempre, seguem seus rumos. Mas para algumas mães é mais difícil de compreenderem isso voltando a focar-se em seu próprio bem estar em primeiro lugar do que dos outros ao seu redor.

Hermínia também sente falta de ter mais valorização dos filhos. Ela não sabe com o que gastar o tempo e as ocupações da cabeça. Carlos Alberto sugere que ela faça terapia para descobrir o que pode preenche-la agora que não tem os filhos para cuidar.
Ela também apresenta, desde o primeiro filme, traços de rancor de algumas amarguras da infância com as irmãs. Questões que neste terceiro filme ela tem a oportunidade de lidar com mais carinho. Com a vinda da neta, filha de Marcelina, a irmã Ieza (Alexandra Richter) dá o primeiro passo desta cura familiar. Ela fala que com a vinda de uma nova geração na família, com a filha de Marcelina, elas deveriam zerar o passado e fazer as pazes. Uma mensagem familiar muito bonita.
“Aquelas relações familiares mais próximas, dos irmãos, do pai e da mãe dentro do lar, estão sempre presentes para nos mostrar os aspectos que devemos superar, os quais muitas vezes ainda não estamos prontos a olhar. Mas que, depois da caminhada pela vida, retornamos para então podermos absorver aquele ensinamento.”.
Via site Coração Avatar.
A protagonista ao decorrer da trama, e de muitos surtos hilários, aprende a aceitação de que quando os filhos crescem e tomam um rumo, não se interfere mais nas escolhas deles, é preciso “soltar”. Mesmo que as escolhas dos filhos sejam muito diferentes do que ela escolheria para eles. E ao final ela também agradece a Carlos Alberto, em vez de xingá-lo como de costume, pela família que deu a ela. Por mais que eles estejam separados, são amigos e tem os filhos como ligação.
Andar no caminho do amor familiar é o que mais importa. Família passa por muito perrengue, dificuldade e discussões, mas também tem momentos lindos e tudo isso é ligado pelo amor. As pessoas seguem seus rumos e caminhos, isso é inevitável, mas no fim o que mais importa é o amor, respeito e união.

Classificamos o filme com 3 cookies bem caseiros direto do forno da dona Hermínia. E aviso: fiquem para os créditos, pois além de vídeos engraçadíssimos da mãe de Paulo Gustavo, Déa Lucia, tem também fotos da vida e família do ator. Fotos tão bonitas quanto a mensagem apoio da Hermínia no discurso do filho Juliano agradecendo a mãe por defendê-lo e apoiar ele a ser quem ele é.

“É através das experiências que obtemos na caminhada pela vida, filhos, que estaremos preparados a observar, a sentir e a agradecer pelas nossas relações do lar, a sentir as energias benéficas que surgem desses aprendizados do lar e da transmutação dessas relações, do olhar às diferenças e do trabalho para que essas sejam aceitas com muito amor, transmutando aqueles aspectos que ainda restam dentro de nós após tantos aprendizados pela vida.”.
Via blog Coração Avatar.