Dando continuidade a 007 contra Spectre (2015), o 25º filme da franquia britânica de espionagem, e último com Daniel Craig no papel, começa com flashes de memória da infância de Madeline (Léa Seydoux), a qual conhecemos no filme anterior e temos o ponto inicial do desenrolar da trama.
Uma obra que dentre as esperadas cenas de ação, perseguição e cenários belíssimos, traz referências e fechamentos de todos os filmes anteriores da de Daniel Craig (2006-2021).
O número musical, A cena de abertura, um dos ápices da obra, interpretado por Billie Eilish (“No time to die”) ficou belíssimo com diversos ícones e arquétipos que dão indícios dos temas e cenários da obra como DNA, estátuas de mármores, alfabeto greto, engrenagens e relógios.
O tema principal é a tecnologia biológica e a dualidade de uma mesma força que criada para um bem, pode ser uma arma se tender para destruição em massa. Destruição em massa é uma semelhança entre os caricatos vilões de James Bond.
Temos divisão de papel no cargo de “007” entre Bond e Nomi, primeira vez que vemos uma mulher no papel de agente MI6, o que é muito legal.
Além de ternos, gadgets tecnológicos, carros que são quase personagens a parte e espionagem, é um filme que instiga muitas reflexões. Como por exemplo do que vale a pena para cada um, dualidades, e como é gasto o precioso tempo que temos em vida e o quanto deixamos de sentir e experenciar pela simples falta de diálogo e um enfrentamento sobre conversas emocionalmente difíceis.
Como você sente o seu tempo? Faz tudo no automático ou se envolve com atenção plena no que se propõem a fazer? Você tem pressa e ansiedade o tempo todo, ou desfruta de cada segundo?
“Não precisamos ir rápido, temos todo o tempo do mundo”
007 Sem tempo para morrer
E a conversa, a conexão? É complicado encarar diálogos com pessoas que nos desagradam. Mas é ainda mais difícil enfrentar a dizer o que realmente sente ou gostaria de compartilhar de coração aberto com pessoas que gostamos, quando se trata destas conversar pesadas quem podem acarretar gatilhos emocionais. E muitas vezes, por esta falta de diálogo o mundo pode literalmente cair e conexões podem ser perdidas, assim como bons momentos leves, genuínos e simples.
O mesmo pensamento vale a respeito de criações em prol da humanidade e quanto o diálogo assertivo direciona, ou não, para a compreensão do propósito daquilo que foi desenvolvido. Algo feito para curar na falta de uma boa expressão, pode ser julgada como uma arma. A força dual sempre tende para os dois lados, a clareza da conversa com a mente aberta que irá direcionar o julgamento daquilo, associado à bagagem prévia de cada um. James Bond foi treinado para não confiar em ninguém, assim como suas perdas e histórico de jornada o fazem ser bastante inflexível em determinadas situações. Porém a diferença no rumo que ele toma, assim como constantemente ocorre em nossas vidas, pode ser completamente outro a partir do momento que você se expressou e deu a chance do outro fazer o mesmo.
Um filme memorável para encerrar os 15 anos de Daniel Craig no papel. A era de um James Bond que mostra suas feridas, cai, se machuca, segue em frente e também tem as suas limitações. Um James Bond mais humano. 4 cookies e meio pela produção.