StartSe é uma empresa que acredita que o Brasil pode ser completamente transformado por meio do empreendedorismo e da inovação. Para que essa visão se torne realidade e a nova economia se desenvolva, eles trazem informações em primeira mão do Vale do Silício e outras regiões sobre as tecnologias que estão aparecendo e impactando o mundo. A empresa também oferece cursos, eventos e uma conexão entre empreendedores, investidores, mentores e empresas. Na terça-feira, dia 29, eles montaram um evento para mostrar o que é essa nova economia.

O evento 2018: A Revolução da Nova Economia trouxe palestrantes nacionais e internacionais das áreas de fintech, retailtech, agrotech, edtech, healthtech e mobility, além de empreendedores e startups de sucesso e alguns dos fundadores da empresa para explicar tudo que está acontecendo nesse ecossistema. Na Expo Center Norte, em São Paulo, também se encontravam vários expositores de plataformas digitais, sistemas novos e intuitivos e produtos inovadores. Na platéia cheia, era possível encontrar todos os tipos de pessoas, de empreendedores com startups à entusiastas da ideia — e, no mínimo, pessoas curiosas que entendem que a mudança está acontecendo. Para dar energia para absorver todo esse conhecimento, a empresa contratou food trucks, disponibilizou água gelada durante todo o evento, forneceu um coffee break na parte da tarde e surpreendeu com uma banda e chopp ao final. Foram 7h30 da programação oficial, e todo o tempo foi muito bem utilizado com informações interessantes e disruptivas.

Nós já estamos vivendo no futuro, e foi incrível aprender com os palestrantes sobre todas as possibilidades que a tecnologia traz para nosso cotidiano. Irei dividir em algumas partes os destaques dos conteúdos que o evento proporcionou para que vocês também estejam conscientes desse admirável mundo novo 🙂

PARTE I: Tecnologias Disruptivas
(Cristiano Kruel — StartSe)

Dentro de todo o panorama de inovações, há seis tecnologias para ficar de olho em 2018 (e startups com foco nelas):

REALIDADE AUMENTADA

Assim como o celular revolucionou completamente a maneira de viver, essa tecnologia promete ser o próximo passo. O que começou com o sensorama em 1950, a realidade virtual atingiu altos índices de notabilidade com o jogo Pokémon Go, em 2016. Seu diferencial é a maneira com que o virtual se mistura com o real, e a proposta dessa inovação deve se intensificar com a chamada Mixed Reality (Realidade Misturada). Enquanto a realidade virtual não possui elementos reais, a realidade misturada conseguirá levar elementos reais para o ambiente virtual. A tecnologia segue a premissa que “se parece com um pato, anda como um pato e grasna como um pato, então provavelmente é um pato”.

A experiência em filmes e jogos será ainda mais imersiva, treinamentos técnicos de campo serão mais eficientes, provar roupas e outros acessórios online será possível e o planejamento cirúrgico será mais preciso, para citar alguns exemplos.

Tendência para 2018: Os óculos de realidade virtual estão ficando mais conhecidos e competitivos no mercado, o que deve causar uma baixa em seu preço e popularidade de uso.

Startups para ficar de olho: A Magic Leap oferece um óculos para a realidade aumentada (adiciona elementos virtuais sobre o ambiente real). A Beenoculus (nacional) transforma seu smartphone em um ambiente de realidade virtual.

IMPRESSÃO 3D

A ideia nasceu na década de 80, e sua popularidade cresceu quando o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a impressão 3D é o futuro, em 2013. Ele disse que essa tecnologia “tem o potencial de revolucionar a maneira que fazemos quase tudo”. E isso é verdade. Suas aplicações vão desde imprimir células vivas, que irá transformar a medicina; impressões de partes de animais, como o marfim de elefantes e cifre de rinocerontes, para acabar com a indústria predatória que ganha dinheiro com suas mortes; até a impressão de metais e novos tipos de materiais mais resistentes e menos pesados. Teremos também impressoras que imprimem as peças para montar produtos, trazendo a perspectiva do final dos inventários.

Tendência para 2018: Impressões em metal para a indústria de defesa, aeroespacial, saúde e automotiva.

Startups para ficar de olhoAllevi, na impressão de tecidos vivos. Pembient, na proteção de animais por meio da impressão de chifres de rinocerontes. Vortice 4D (nacional), na impressão de concreto de alta qualidade.

ROBÓTICA

O estereótipo do robô está em nossa narrativa social há anos, mas agora ele se mostra mais sutil e assertivo com os chatbots na área de vendas e smart speakers popularizados pela Google e Amazon. Chegamos na era em que estamos construindo máquinas que servem para construir máquinas, como no caso da Tesla (e provavelmente usar peças impressas). O desenvolvimento nessa área também traz perspectivas fenomenais na área da saúde, como fornecer mobilidades em cadeiras de rodas apenas pela expressão facial. A saúde mental é tão importante quanto, e os bots já estão sendo preparados; a empresa Aist já lançou uma foca robô para usos terapêuticos.

Tendência para 2018: A interação entre humanos e robôs deve continuar a se popularizar, e os setores mais afetados nesse ano deve ser varejo e vendas, segurança e saúde. A grande batalha do momento está voltada para os smat speakers: Alexa vs Hey Google.

Startups para ficar de olhoPluginbot (nacional), numa plataforma de criação e gestão de bots. Hoobox Robotics, na criação das cadeiras de rodas citada acima. Relativity, focada na construção de foguetes sem a intervenção humana e com peças impressas 3D. Velodyne Lidar, na fabricação dos sensores LIDAR, peça de importância dos carros autonomos.

IOT (INTERNET OF THINGS)

Em questão de valorização, empresas que colhem dados já ultrapassaram grandes empresas de petróleo. Guardem essa frase: “Data is the new oil” (Dados são o novo petróleo). A Internet das Coisas é a rede de gadgets, wearables e outros produtos que colhem dados sobre os usuários. As pessoas estão se afastando do comércio que foca no marketing impessoal e indo atrás de recomendação de amigos e familiares, sempre voltando-se para os aspectos personalizados. O presidente da Alibaba (grupo de empresas chinesas de varejo online) afirmou que “quem vencerá no mundo é quem possui mais dados”. É com dados que é possível a análise de padrões de comportamento e a produção e venda de produtos exclusivos para cada característica pessoal.

Essa rede já envolve análise de dados ao se escovar os dentes e até mesmo ao usar o vaso sanitário. Embora a ideia pareça estranha, a coleta desses dados pode permitir que a sua saúde dentária melhore ao receber feedback de como você cuida de seus dentes e abre a possibilidade de uma privada analisar sua urina e fezes para fazer alertas sobre aspectos de sua saúde (poop tech). Junto com a robótica, também pode fazer com que você possa pedir para sua Alexa dar a descarga se você esquecer na hora. A área de varejo também pode se beneficiar muito dessa tecnologia, com drones, por exemplo, que mapeiam produtos e fazem inventários. O conceito de Smart Cities (cidades inteligentes) segue na mesma lógica.

Tendência para 2018: Avanço da inteligência dessas análises, permitindo aplicações preditivas. Conectividade com áreas rurais.

Startups para ficar de olhoIven, ao lhe dar o controle de todas suas coisas conectadas. Pluvion (nacional), na análise da chuva para previnir desastres. HelpBell (nacional), no controle e monitoramento de medicações e segurança. Verdigris, na análise de quanto de energia seu prédio está gastando e onde se pode economizar.

BLOCKCHAIN

De acordo com o escritor e pesquisador Don Tapscott; “Pela primeira vez na história da humanidade, pessoas de todos os lugares podem confiar uma na outra e fazer transações peer to peer (sem um sistema central)”. Não tem como falar de blockchain atualmente sem fazer a conexão com o bitcoin. A revolução que essas duas inovações trazem é a de uma economia descentralizada e segura. O blockchain age nas transações como intermediário, fazendo com que ambos os lados cumpram com o que prometeram e deixa registros dessas negociações em um “livro-aberto”, o qual todas as pessoas podem acessar.

Embora sua função esteja atrelada, no momento, às negociações de criptomoedas, a tecnologia pode ser usada na disputa de propriedade de imóveis em países menos desenvolvidos, evitar crises econômicas como a de 2008 e dar segurança em transações financeiras dentro da Internet das Coisas (IOTA).

Outra perspectiva revolucionária é a criação de sistemas como o do Bitnation, que visa uma comunidade global, criando carteiras de identidade mundiais. A fundadora sueca do sistema, Susanne Tarkowski Tempelhof, afirma: “À medida que o mundo se afasta progressivamente do atual paradigma geográfico das nações-estado devido à globalização, deixa espaço para uma nova solução sair de suas cinzas, onde os prestadores de serviços governamentais competem oferecendo melhores serviços, em vez de manter um monopólio geográfico usando de violência

Tendência para 2018: Mais investimentos, aplicações, regulação e adesão à essa tecnologia.

Startups para ficar de olhoFoxbit e Mercado Bitcoin (nacionais), na compra e venda de criptomoedas. Original My (nacional), na especialização de assinaturas digitais, certificação e registro em blockchain. Wbio(nacional), no desenvolvimento de equipamentos e sistemas para a área da saúde. Ubby, como uma rede social de dicas e sugestão de produtos com direito a cashback.

INTELIGENCIA ARTIFICIAL

Outra tecnologia que já existe há 70 anos e também possui uma densa narrativa cultural, agora continua sua sofisticação com o deep learning, o aprendizado profundo da máquina que funciona numa estrutura de camadas de algoritmos inspirada por nossa rede neural. Em termos práticos, é fundamental nas aplicações em carros autônomos no cálculo da distância entre os veículos, traz uma revolução no agronegócio ao fazer o reconhecimento de plantas e jogar fertilizantes apenas nelas e altera o modo de ir ao mercado como a Amazon Go está mostrando.

Tendência para 2018: Será crítica no debate sobre regulações de carros autônomos, trazendo muitas informações para a formação de opiniões. Também está altamente ligada a softwares de pesquisa, mapeamento e assistência de voz.

Startups para ficar de olhoStattus4 (nacional), no desenvolvimento de soluções para que o uso de recursos seja feito de forma sustentável. Wedy(nacional), uma plataforma que usa a IA para gerenciar casamentos. Cambricon, pioneira na construção da nova geração de chips para IA.

Apenas com a demonstração dessas 6 tecnologias já é possível perceber a magnitude do ecossistema disruptivo.