(Contém Spoilers)

“Com amor, Simon” é um filme de romance e comédia dramática, da 20th Century Fox, baseado no livro “Simon vs. a Agenda Homo Sapiens” da autora e também psicóloga Becky Albertalli. Lançado em 2015, distribuído no Brasil pela Editora Intrínseca, o livro teve grande aceitação e sucesso de público.

Dirigido por Greg Belardi (Produtor dos Seriados da DC Comics: Flash, Arrow e Supergirl), a história é narrada pelo protagonista Simon Spier de 16 anos (Nick Robinson – Jurassic World, 2015), um garoto que se considera normal e que pertence a uma boa e unida família com médio/alto padrão social. “Normal” como ele mesmo se auto define, porém com um segredo: Simon é homossexual, não tendo crise de identidade nenhuma, mas ninguém sabe disso. Até que, de repente, é postado no blog da escola “Creek Secrets” – no estilo Gossip Girl misturado com a rede social Tumblr, no qual os alunos postam fofocas, memes, especulações e desabafos, que podem ser anônimos ou não – um aluno desabafa anonimamente que há dias em que se sente por cima, e dias em que se sente por baixo, por ser homossexual. Simon, impactado e inspirado com o post, e ao perceber que o post possui um e-mail, cria um também anônimo e começa a conversar com o autor do post que se intitula como Blue.

As conversas entre eles passam a ser frequentes e recorrentes, ao longo de semanas, com trocas de experiências e sentimentos naturais enfrentados por quem tem receio de revelar sua orientação sexual a amigos e familiares. Porém, certo dia quando Simon responde um e-mail de Blue pelo computador da escola, o esquece logado ao sair dele às pressas, o que faz com que seu colega Martin Addison (Logan Miller –The Walking Dead) descubra as trocas de mensagem de Simon com Blue, e que, a partir de então, passa a chantageá-lo em ameaças de revela-las a toda a escola em troca de ajudas para conquistar o coração de Abby Suso (Alexandra Shipp – X-Men: Apocalipse – Brilhante Victoria).

Desse cenário ocorre todo o desdobramento do filme, mostrando a força de Simon em equilibrar sua família, seus amigos, e também lidar com as chantagens, tudo ao mesmo tempo em que tenta descobrir a identidade de Blue, com quem aos poucos vai se apaixonando.

Ao final, ocorre de Martin se sentir devastado por não conseguir conquistar Abby, e, como desconto de sua frustração, divulga todas as mensagens de Blue e Simon no blog da escola, levando ao público assim a orientação sexual homossexual de Simon, que, em resposta inicial, se abala e se isola de convívio social por um curto tempo, mas que, após digerir toda a informação, decide assumir sua postura ao se pronunciar confirmando as informações de Martin no blog.

O post de Simon, então, lança moda na escola, encorajando as pessoas a se expressarem a respeito do assunto e fazendo-as aceitar quem realmente são, ao mesmo tempo que devem aceitar e respeitar a felicidade do outro. Uma cena curta, mas bacana, é a do vice-diretor do colégio, Mr. Worth (Tony Hale), demonstrar apoio ao caso ao usar um pin no paletó com a bandeira homossexual.

A obra, então, trata com naturalidade, delicadeza e bom humor as afirmações, medos, dilemas e os processos de mudança e transição do adolescente para se assumir homossexual perante os pais e amigos.

Há uma sequência de dança hilária e divertida em um dos pensamentos de Simon seguida da música I Wanna Dance With Somebody de Whitney Houston.

O ponto alto da estória, a divulgação pela internet, faz muito sentido com a vida real, pois a internet é um lugar louco para conhecer pessoas e anunciar-se para o mundo, o que independentemente da situação, é aterrorizante.

Como grande parte das comédias românticas adolescentes, vemos alguns estereótipos de uma escola adolescente: os grupos de cyber bullying, futebol americano, os armários escolares no corredor, dentre outros.


Os créditos são diferentes do clássico fundo preto e letra branca. Levam estilo colagem em caderno escolar, com fotos, lembranças e animações, todas com fundo vermelho formando unidade com os demais materiais gráficos relacionados lançados ao filme, além da capa do livro.

O filme não é uma super produção hollywoodiana, mas é uma obra bem desenvolvida em questão de adaptação e roteiro agradável, ainda mais em se tratando de um assunto sensível que traz muitas discussões e preconceitos. É inovador ter nas telonas um romance homossexual adolescente sem ser escrachado ou exagerado, pois a mensagem mais importante do filme é o respeito às diferenças, o conforto consigo mesmo e a diversidade independentemente se for pela opção sexual ou pelo jeito de ser de cada um.

O filme teria estreado no Brasil em 22 de março de 2018, mas foi adiado para 5 de Abril de 2018, levando 2 cookies e meio pela obra.