Entre Facas e Segredos, dirigido e roteirizado por Rian Johnson e produzido junto a Ram Bergman, estréia em 05/12/2019 pela distribuição da Paris Filmes e não faz segredo do tipo de filme que é: uma homenagem à obra de Agatha Christie, uma das maiores dentre os ícones da literatura de suspense e mistério. Seu legado gerou várias adaptações em diferentes mídias, de forma que temos séries de TV e filmes muito conhecidos baseados em sua obra.
Nada mais comum no gênero de mistério do que o cenário onde alguém morre e várias pessoas cheias de motivos são reunidas devido à suspeita de um assassinato! Por meio de entrevistas, um habilidoso detetive consegue achar o culpado e estabelecer a verdade! O roteiro da nova produção não é diferente, pelo menos nesse sentido.
Não só a estrutura da história, mas o clima – os cenários, a música, etc – remetem à varias produções de mistério. Ainda, o que não faltam são referências, ainda que a maioria seja somente para quem entende o suficiente do assunto. Outra característica que não foi ignorada é o carisma e a genialidade do detetive: nesse caso, Benoit Blanc (Daniel Craig), que busca a verdade ainda que cercado de pessoas que não hesitam em mentir e se esquivar de suas perguntas. Claro, também temos um grande elenco que conta com Chris Evans e Jamie Lee Curtis que emprestam seu talento para dar vida aos personagens do longa.
Para não dizer que o filme apenas se apoia no ombro de gigantes e segue uma cartilha de como deveria fazer as coisas, temos uma modernização ao gênero de mistério: Netflix, Twitter, Google e diversas comodidades atuais são mencionadas e fazem parte do dia a dia dos personagens. O mesmo já teria sido feito antes, como em Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, mas aqui tais tecnologias não afetam diretamente o caso do assassinato, afinal, os suspeitos são pessoas comuns e não hackers – o que os torna mais fácil para o público se identificar com os protagonistas e até com um humor involuntário.
Uma das grandes características de qualquer mistério é a busca pela verdade. Normalmente com um investigador obcecado por tal busca. Entretanto, como o filme ilustra, tal verdade não é só um objeto que surge após todos os pedaços se juntarem – ela surge organicamente quando as pessoas honestas não se corrompem sob a pressão da mentira e ganância. Ainda, honestidade pode ser mais do que só fazer o bem e falar a verdade, mas fazer o que te traz felicidade. Bastaria que todos fossem honestos para que uma verdade universal se anunciasse, mas como o filme ilustra bem, há dúzias de facas e espadas apontadas para aqueles que se atrevem a seguir por esse caminho – tornando a honestidade um puro ato de heroísmo.
Indiscutivelmente um ótimo filme, ao menos para quem gosta de um bom mistério. Entre Facas e Segredos surpreende pela qualidade e traz mais que uma simples homenagem, merecendo assim 4 cookies e meio isentos de veneno!
