Pais divorciados, e em constante pé de guerra, se unem para o objetivo comum de sabotar o casamento da filha. Mas os pais não deveriam apoiar as escolhas e decisões dos filhos, com amor e carinho, mesmo que não concorde, mas porque vê nitidamente que o filho está feliz?
Pois é, em teoria é o que deveria, mas na prática, não é bem o que acontece na maior parte do tempo. Não que não haja amor e o desejo pelo melhor. Pelo contrário! Pais fazem tudo pelos filhos para evitar que eles sofram, porém esta avaliação é vista sob a perspectiva de suas próprias experiências e dores. Como interferir em algo pelo desejo de evitar a repetição de uma situação, um padrão que trouxe dor. Disso ocorrem algumas dissonâncias, pressões e expectativas elevadas que levam a discussões e julgamentos equivocados considerados “erros”.
No passado estes pais ficaram noivos no dia da formatura de Georgia (Julia Roberts) e David (George Clooney) e se divorciaram 5 anos após e vivem em dissonância desde então. Eles querem evitar que a filha também case, logo após a sua formatura de Direito, por medo da repetição de padrão de infelicidade que os próprios tiveram.

Lilly (Kaitlyn Dever) no dia de sua formatura, ela se pergunta sobre aquela celebração. Sobre ter passado uma vida planejando aquele momento e agora que ele chegou…o que fazer? Era isso mesmo que ela queria? Ainda faz sentido este objetivo alcançado. E após esta conquista, ela viaja em celebração para Bali, onde tem contato com outras realidades que guiam suas decisões bem distantes da advocacia que ela tanto passou a vida correndo atrás. O conflito entre trabalhar e viver em lugar paradisíaco que se pode trabalhar com roupas de banho totalmente oposto do mundo corporativo do Direito e dos terninhos. Além de conhecer e se apaixonar pelo morado local Gede (Maxime Bouttier). Tudo em Bali é ritualizado, especialmente o casamento, a união das famílias. A missão dos pais de sabotagem ao casamento da filha e leva-la de volta a Nova York traz à tona diálogos que tanto o casal em si quando eles com a própria filha que é lindo de ver.
“…Estava sendo capaz pela primeira vez, que eu me recordava, de permitir a mim mesma receber o amor e carinho dos meus pais; não do jeito que eu esperava em outros tempos, mas do jeito que eles foram capazes de me dar…”
Esta dor não é minha | Página 24
O reconhecer e sentir que pré julgamentos na maioria das vezes é algo do ego e não faz sentido. E quem somos nós para julgar o que cada um escolhe para si. A própria Lily ao viver Bali e conhecer Gede, pensa na possibilidade de uma vivência muito diferente para a qual se formou, pelo simples fato de se sentir bem, e feliz. Se sentir em harmonia o que está vendo e presenciando. A gente não precisa ser feliz no final, podemos ser felizes no meio do caminho e está tudo bem fazer um ajuste de rota.

Somos seres humanos cíclicos, e o viver a jornada e as pequenas felicidades, lidando da melhor forma possível com as adversidades, é uma forma de ser feliz. Ser feliz hoje, não apenas quando alcançar o objetivo x, a posição z. Lógico que planejamento, diálogo e as dificuldades do dia a dia devem ser olhadas e cada um deve reconhecer a si mesmo e seu papel naquela situação. E se não foi com clareza em um momento passado, rever com outros olhos no agora é positivo. Não é que erramos, mas com o tempo aprenderam outras soluções.
Filme leve, divertido recheado de cenários naturais belíssimos e algumas coincidências para Julia Roberts. Quando a atriz atuou em Comer Reza e Amar (2010) ela também passou em Bali e presenciou diversas ritualizações que mexeram muito com a personagem jornalista Liz. E ainda há um personagem em cada filme com o nome de Ketut, que é um nome balinês que significa “banana pequena”. Este nome é tradicionalmente Dado à quarta criança que em Ingresso para o paraíso é a criança responsável pelas alianças de Lily e Gede e que teve uma interação com Georgia falando sobre bananas. E em Comer, Rezar e amar Ketut é o curandeiro local cujas lições transformam a vida de Liz.

E Bali, sendo um dos lugares mais místicos para processos de transformações internas, em Ingresso para o Paraíso o barco que leva Georgia e David, que dá acesso à ilha, se chama “Ocean Karma” e faz parte de dois grandes momentos dos personagens. Estreia dia 8 de setembro.

