No final de 2013, eu despertei. Foi nesse momento que eu percebi a razão do meu completo desânimo diante das atividades do cotidiano e total frustração no âmbito pessoal e profissional. Bom, não necessariamente naquele momento em específico, mas naquela porção de tempo. Começou como uma conversa qualquer, nada que realmente chamasse a atenção (e, pensando bem, a maioria das grandes transformações começam desse jeito). Falava com a minha tia sobre alguns trabalhos que ela estava fazendo junto com uma instituição, que trazia uma consciência maior sobre o que fazemos em nossa vida e seus propósitos. Ela me emprestou um livro sobre bagunça e foi embora. Eu, sem muito interesse aparente, comecei a ler o prefácio quando fui deitar. 24 horas depois, com uma noite quase não dormida, um pequeno livro consumido, e um início de revolução no meu quarto, estava animada como nunca. A vitalidade que tinha me deixado aos poucos durante os anos havia retornado.
Começou com esse pequeno livro e a arrumação inédita do meu quarto, o qual possuía mais roupas e objetos fora do armário do que dentro (na época, eu tinha uma bicama. Nos dias que as coisas estavam bem ruins e não tinha nem lugar pra sentar na cama de tanta coisa jogada alí em cima, eu só puxava a cama de baixo e ficava por alí mesmo). Em retrospectiva, é óbvio que meu quarto, meu espaço pessoal no qual eu passava grande parte do tempo, era um reflexo da minha cabeça. Ao dobrar as roupas, limpar as gavetas e separar o que eu não usava mais, limpei também minha mente, preparando-a para todo o conhecimento que iria absorver em seguida.
Minha tia falou em consciência, o livro falava em fluxo de energia. Sim, me deparei com os conceitos da física quântica e o quão libertadores eles eram. Tá aí a primeira disrupção de vida que eu experienciei (uma das maiores, se não A maior, em geral). A física quântica chega sorrateiramente, sem grande alarde, e te diz: “Sim, tudo isso que te ensinaram é verdade mesmo, mas pode também não ser”. Como diz o doutor em física quântica, Amit Goswami, no documentário Quem Somos Nós: “A física quântica é a física das possibilidades”. Quando eu entendi que a sociedade em que vivemos hoje (e há muitos séculos) é o resultado das ações de pessoas no poder que nos tiraram essas possibilidades para possuírem mais poder e lucro, eu vi que a minha quase depressão era apenas meu verdadeiro eu sendo completamente sufocado.
Pra essa história não ficar longa demais (meio que já ficou, né), vou só dizer que comecei a ler, assistir e escutar tudo relacionado ao tema. E, depois de um tempo, você percebe que tudo que traz mensagens de inovação, empoderamento e felicidade, está relacionado com o tema. Minha mente, meus conceitos e minhas ações mudaram aos poucos (continuam mudando e sempre irão), e eu comecei a procurar alternativas para o modo tradicional de fazer as coisas. Porque o modo tradicional é, no mínimo, pouco funcional. Seja diminuir o tempo gasto com as burocracias da corporação bancária, arranjar um jeito de conciliar as responsabilidades familiares com o fazer das coisas que amo ou até mesmo pedir um delivery com mais eficiência.
Ao mesmo tempo, eu continuava minha batalha no campo de atuação que mais amo: o de escrever sobre filmes e série. Essa minha paixão começou com os desenhos de domingo de manhã, e foi se desenvolvendo e progredindo ao passo que eu conseguia debater assuntos políticos, sociais, psicológicos, religiosos, antropológicos e filosóficos dentro de suas narrativas. Afinal, nossa indústria de entretenimento nada mais é (ou pode ser) que um espelho de nossa realidade. Abordar temas de perspectivismos e roubo de humanidade do “outro” é mais fácil se debatido em cima da narrativa de Batman vs Superman do que ao explorar toda a paranóia e caos que o 11 de setembro impulsionou, por exemplo.
O problema é que uma vez inserida no meio midiático do entretenimento, descobri que esse tipo de reflexão é empurrada para segundo (ou terceiro, ou quarto) plano, já que é um texto mais longo, mais complexo e que, por si só, não gera muitos acessos de página. A rentabilidade de um site se dá pelo número de acessos diários, e um texto desse formato postado com uma frequência mais baixa não gera o resultado desejado. O que traz essas visualizações são notícias. As muitas que podem ser postadas durante o dia (tendo elas relevância ou não). Então quando você escreve para ou possui um site de entretenimento, as notícias são extremamente importantes. Tentei me colocar no mercado dessa maneira, e em certo período cedi totalmente a essa forma, mas não consegui seguir nesse caminho. Essas notícias possuem sim seu valor, mas quando há lugares que fazem isso com excelência, a pura reprodução de conteúdo sem nada de diferencial perde totalmente seu propósito. E eu gosto de propósito. Amo escrever, mas escrever sem propósito não dá.
Então cá estava eu, querendo gerar textos com valor real (na minha opinião, claro), e sendo negada constantemente pelo padrão vigente. Me afastei da escrita, me afastei desse entretenimento e fui viver o resto da vida. Lá, comecei a encontrar outras coisas que ornavam comigo, e comecei a descobrir alternativas que tornaram minha vida ainda mais prática e tranquila. Eu estava inserida em um meio o qual não sabia descrever, mas que reconhecia seu grande potencial. Há pouco tempo, um amigo me indicou os vídeos de um cara que pensava fora da caixinha. O nome desse cara é Gabriel Goffi, e ele me deu a palavra que eu estava procurando pra descrever meu contexto: DISRUPÇÃO.
Disrupção é a quebra do padrão, a mudança do status quo. É explorar novos caminhos, rever conceitos, obter uma nova perspectiva, abrir a caixa preta latouriana (essa é uma referência antropológica que eu adoro, outra hora mais conveniente eu explico). É a inovação, é reestruturação. E eu não estava só aprendendo sobre isso, eu estava vivendo isso. E mais, não era só eu quem estava vivendo isso, era o fucking mundo inteiro que estava passando por isso. São as locadoras de vídeo fechando, empresas financeiras transparentes nascendo e até a implementação de vasos sanitários na Índia. É a revolução, é o novo paradigma.
Foi o Goffi que me deu a palavra, e foi ele também que me devolveu o empoderamento de ter a coragem e a resiliência de viver minha arte. Eu amo escrever. Eu amo gerar valor por meio dos meus textos. E é isso que eu vou voltar a fazer. Estamos vivendo a disrupção, seja em nível financeiro, pessoal, social ou político. Nessa era digital, temos fácil acesso a todas as informações, o que nos afasta da ignorância que aquelas pessoas no poder tanto gostam. Eu quero questionar minha realidade, quero percorrer caminhos alternativos e quero que vocês venham comigo. Porque conhecimento não é uma via de mão única. Quero compartilhar com vocês o que eu descobrir, e quero saber o que vocês acham e se possuem outras informações. Quero argumentos, e vou agregar tudo aquilo que condiz com a minha verdade interior. Vamo junto. bora pra action.