O simpático casal Bhaskar & Niranjana foram os convidados da 9ª edição do Chá Com Cookies, realizado no dia 18 de Julho em nosso Instagram. Eles administram e conduzem o DHYAN – Ponto de Meditação, cuja casa em que se dão os retiros espirituais está localizada em meio à Natureza, nas imediações da cidade de Alto Paraíso de Goiás, próximo à Chapada dos Veadeiros, uma das regiões naturais mais belas do nosso Brasil.  

https://www.dhyanpontodemeditacao.com.br/

Assim como aconteceu em uma edição anterior do Chá Com Cookies, em que Rafa Decks participou daquela Live em um belo cenário ao ar livre que combinou com o filme que ela indicou (saiba como foi clicando aqui), desta vez os convidados também conversaram conosco rodeados pela Natureza, pois estavam justamente na paradisíaca localidade acima citada, o que conferiu um clima altamente espiritual e meditativo à esta Live. O fantástico lugar também recebeu elogios calorosos por parte da anfitriã Lulu Gabriella. Sentindo a energia desse ambiente místico e imersivo, Lulu declarou: “Dá vontade de entrar nesse cenário!”

Anand Niranjana é fotógrafa e trabalhou com Fotojornalismo, sempre voltado para a Cultura e as Artes, além de projetos sociais, muitos deles voltados para a infância e adolescência. Ela se define como parte de uma geração em que o cinema era de vital importância para a formação emocional e intelectual da sociedade. Os movimentos artísticos em geral, e o cinema, particularmente, caminharam junto com as mudanças sociais que ela e seu esposo presenciaram ao longo de suas juventudes, mesmo que naquela época ainda não se conhecessem. Bhaskar trabalhava com Jornalismo voltado para Direitos Humanos e, um belo dia, em uma redação de um jornal, foi apresentado a uma fotógrafa que viria a ser sua esposa, Niranjana. A partir de então, eles passaram a compartilhar da mesma “alienação saudável”, a busca por autoconhecimento. Hoje, ambos trabalham com meditação. O feliz casal se orgulha, merecidamente, de, hoje na faixa dos 60 anos de idade, terem sete filhos e oito netos!

Bhaskar diz que eles mantêm uma tradição cultural na família: sempre que as crianças atingem por volta de 15 anos de idade, fazem uma agradabilíssima “iniciação” ao movimento hippie, assistindo a um filme muito especial para suas vidas, que ilustra com fidelidade aqueles loucos anos 1960. Trata-se de um clássico do cinema, o musical Hair, lançado em 1979 e dirigido pelo prestigiado cineasta checo Milos Forman. Nosso convidado afirma alegremente que esta obra atemporal ajuda seus filhos e netos a entenderem de onde surgiu a “loucura” dos pais, que viveram muitas emoções durante aqueles saudosos anos da geração Paz e Amor. Ele declara: “temos muito a agradecer aos jovens dos anos 60 que romperam com paradigmas da sociedade e promoveram essa ruptura transcendental cujo legado libertário vivemos hoje.”

Niranjana afirma que ambos já navegaram muito também pelo cinema europeu. “Bernardo Bertolucci, Luis Buñuel, Ingmar Bergman, Frederico Felllini, entre outros, são cineastas cujas obras nos despertavam o desejo de alcançar a compreensão, que hoje encontramos em nosso ponto de meditação, que também é a nossa casa.” Lulu, entusiasticamente, complementa: “Como a meditação nos transforma!” Pois, como você, que nos acompanha regularmente, sabe, Lulu Gabriella e Camila Pichet, as frontwomen do Serial Cookies, acreditam que, por meio da Cultura, mentes possam ser abertas para a percepção de novas ideias, sempre relevantes para a vida. E meditação e reflexão fazem parte deste processo de conquistas e descobertas.

Neste clima de compartilhamento de obras de arte que enriqueçam o entretenimento consciente sempre presente em nossas Lives, Lulu nos fez mais uma inspirada recomendação: o filme O Homem Bicentenário, de 1999, com Robin Williams. Se você ainda não viu, sinta a vibe da história, SEM SPOILERS muito graves! Uma família adquire um robô, batizado de Andrew, destinado a realizar tarefas domésticas. Todavia, com o tempo, ele passa a desenvolver personalidade própria, fazer questionamentos, e até cultivar um sentimento genuíno e mútuo de afeto pela filhinha do casal. A empresa montadora do “produto”, ao saber que este modelo “não está funcionando corretamente”, se oferece para trocá-lo, pois, “sentimento é defeito”. Mas a família resolve continuar com Andrew.

A trama avança, os anos se passam, a família vai atravessando gerações e a tecnologia vai evoluindo, permitindo a Andrew, por iniciativa própria, fazer seus upgrades e desenvolver cada vez mais a sua sensibilidade, a sua humanidade. Motivado por um relacionamento afetuoso que começa a ter com uma mulher que tem parentesco com aquela família que o comprou no passado, Andrew quer se tornar um ser-humano completo, com órgãos internos e tudo. Ele vai até recorrer aos tribunais, com o objetivo de ser aceito juridicamente como um ser humano. Conseguirá Andrew obter esse reconhecimento, tão importante para ele? Assista e saberá. Ah! E a música-tema de O Homem Bicentenário foi cantada por ninguém menos do que Celine Dion, “Then You Look At Me”, uma bela canção que vale a pena ser ouvida!

Como muito bem afirmou Lulu, esta comovente obra gera questionamentos: o que torna alguém um ser humano? E quantas vezes na vida estamos no automático, como se fôssemos robôs? Quais são os limites da humanidade? Ela é capaz de transcendê-los? Alguns dias antes de ter assistido a este longa, Lulu havia participado do Retiro do Êxodo, organizado por Bhaskar e Niranjana (clique aqui e saiba mais sobre os eventos e atividades promovidos por este simpaticíssimo casal). Ela ficou maravilhada com a amplitude ética e sensorial do filme, que combinou perfeitamente com os ensinamentos obtidos no retiro. Ambos levaram à luz da consciência o desprogramar e pensar além. Bhaskar complementou, afirmando que uma busca de crescimento pessoal é também uma caminhada espiritual, um processo de desprogramação e aprendizagem. E citou seu mestre, o guru espiritual indiano Sri Bhagavan: “Aprender é desaprender.”

A primeira indicação de Niranjana é proveniente dos nossos hermanos argentinos: Un Buda. Lançado em 2005, este filme conta a história de dois irmãos que crescem juntos e, na fase adulta, enquanto um se torna professor de filosofia, o outro parte em sua busca de autoconhecimento, e o faz em plena época em que a ditadura militar estava instaurada naquele país (que lá durou de 1976 a 1983). Ou seja: um prefere o caminho da teoria, o outro, da prática. Um pensa a respeito das ideias, enquanto o outro vive essas ideias. Uma bela obra reflexiva e existencial, que inclusive pode ser encontrada completa no YouTube.  

Bhaskar salienta que o que os fascina no cinema são mesmo as histórias humanas, e indica o documentário The Price Of Free, de 2018, também disponível, na íntegra, no YouTube. É a história de Kailash Satyarthi, um indiano engajado em tirar crianças do trabalho escravo na Índia. Com muitas imagens históricas, o filme mostra uma trajetória de lutas e de vitórias constantes, pois ele criou uma marcha global contra o trabalho infantil, mobilizando milhões de pessoas pelo globo a também abraçarem essa causa. Seu ativismo ganhou o apoio de várias organizações mundo afora. Ele continua vivo e em plena atividade, tendo ganho, em 2014, o Prêmio Nobel da Paz.

Outra indicação de Niranjana são dois longas franceses dirigidos pelo conceituado cineasta alemão Wim Wenders: Asas do Desejo, de 1987, e sua sequência, Tão Longe, Tão Perto, de 1993. Cabe aqui acrescentarmos algumas informações relevantes acerca dessa dica celestial dada por nossa convidada. Ambos os filmes nos trazem a história de dois anjos que, sobrevoando Berlim, por motivos diferentes, acabam abrindo mão da imortalidade, para viverem como mortais. É claro que um deles se apaixonou por uma bela e, a princípio, “proibida” mulher, mas esse sublime amor só poderá ser consumado com a perca da divindade. Achou a história familiar? Não é para menos, aquele belo romance hollywoodiano lançado em 1998, Cidade dos Anjos, sucesso estrelado por Nicolas Cage e Meg Ryan, é um remake de Asas do Desejo. A contribuição de Wim Wenders para a Cultura Pop com essas suas duas obras angelicais vai além, pois aquela lindíssima balada romântica do U2, Stay (Faraway, So Close!), faz parte da trilha sonora de Tão Longe, Tão Perto, e o poético videoclipe da canção também foi dirigido por Wenders. Ou seja, tudo está conectado!

Uau! Com tantas dicas iluminadas e vindas dos céus, esta 9ª edição do Chá Com Cookies transbordou doses de meditação, serenidade, reflexão e espiritualidade. Bhaskar & Niranjana agradeceram à Lulu e ao Serial Cookies pela oportunidade de conversarem tão agradavelmente durante essa Live de uma hora que passou voando, e convidam todos a conhecerem esse trabalho diferenciado e relevante que desenvolvem em seu DHYAN – Ponto de Meditação. Clique aqui e conheça o paraíso de onde eles falaram conosco, local no qual realizam seus acolhedores retiros espirituais. Lulu agradeceu por terem aceito o convite, e por nos enriquecer, não só com dicas de filmes maravilhosos, mas também com ensinamentos para a vida! Você pode conferir na íntegra como foi esta Live, clicando aqui!  

Acompanhe o Chá Com Cookies, esse bate-papo super gostoso que o Serial Cookies tem promovido regularmente com os mais diversos convidados, sempre trazendo dicas culturais para nos incentivar a renovar o ânimo durante esse período que temos enfrentado. Saiba quando acontecerá o próximo acessando o nosso perfil no Instagram! E participe conosco do movimento #entretenimentoconsciente, compartilhe o nosso perfil nas redes com alguém que quer ver muito além do que os olhos podem ver, e pensar em profundidade sobre tudo que os filmes, séries e livros têm a nos proporcionar.

Conheça também o nosso livro: Serial Cookies no Multiverso do Entretenimento.

Serial Cookies no Multiverso do Entretenimento

Confira outros longas-metragens recomendados por Lulu, Bhaskar & Niranjana durante este psicodélico Chá Com Cookies:

Procurando Sugar Man: vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2013. Bhaskar o define como um dos últimos contos de fadas antes do advento da internet. Conta a trajetória de Sixto Díaz Rodríguez, um roqueiro norte-americano, filho de um imigrante mexicano, que se lançou na carreira artística no final dos anos 60, mas sem êxito. Muitos anos depois, sua carreira reacende, graças ao sucesso que ele fazia, sem saber, na África do Sul!

Camelos Também Choram: documentário dramático alemão de 2003, sobre uma camela mãe e seu filhote. “É tão comovente, contemplativo e belo que faz uma alquimia no coração de quem o assiste”, afirma Niranjana, emocionada.

Um Dia, Um Gato: filme checo de 1963. Fantasia infanto-juvenil, mas repleta de crítica social, sobre um gato mágico que usa óculos escuros e que, quando lhe são retirados, passa a enxergar as pessoas de cores diferentes, conforme o caráter e a personalidade de cada um!

Uma Amizade Sem Fronteiras: filme francês de 2003, com Omar Sharif e Isabelle Adjani. Na Paris dos anos 1960, nos traz a história da improvável, mas fraterna amizade entre um rapaz judeu e um velho comerciante muçulmano, se desenvolvendo para praticamente uma relação de pai e filho.

Bagdad Café: filme alemão de 1987. Uma turista, após discutir com o marido, percorre sozinha o deserto do Arizona e chega em um posto, intitulado Bagdad Café, onde conhece a dona do local, uma mulher a princípio ríspida, que também acabara de brigar com seu esposo. Outra bela abordagem de mais uma improvável amizade.

Woodstock: documentário sobre o mais famoso festival de música de todos os tempos que, durante aqueles três dias de 1969, colocou a juventude em sintonia com alguns dos mais efervescentes músicos da geração Paz e Amor. Registro monumental de um evento magistral da era hippie, ao som de tanta gente boa, de Janis Joplin a Jimi Hendrix, passando por The Who e Joe Cocker.

Yellow Submarine: filme de 1968, inspirado na canção-título e em várias outras lançadas naquele período pelo Quarteto de Liverpool. Um mergulho imersivo, psicodélico e surreal pelo mar de sons e imagens desta clássica animação dos Beatles, cuja profusão de melodias, traços e cores, que vão moldando o inconsciente, ajudaram a definir toda uma geração.

Texto by Roberto Oliveira