Do original “West Side Story” de 1961, filme multi premiado e inspirado no musical da Brodway de 1957, de mesmo nome, ganhou um remake pelas mãos de um dos diretores mais icônicos da história do cinema Steven Spilberg. Costumamos associar Spilberg a obras de scifi, aventura e fantasia como “E.T” (1982), “Gremlins” (1984), “Os Goonies” (1985), “De volta para o futuro” (1985), “Flinstons: O filme” (1994), “MIB: Homens de preto” (1997), “A.I.: Inteligência artificial” (2001), Jurassic Park/World, dentre muitos outros clássicos. Desta vez o vemos neste remake musical romântico com uma pegada de Grease e Romeu e Julieta. A história traz como background a rivalidade juvenil entre as gangues, Jets x Sharks, que lembra um pouco da vibe “Riverdale x South Side” do seriado, inspirado em quadrinhos, Riverdale.

1961
1961

Em meios a passos de dança, acompanhamos a briga dos JETS, os adolescentes problemáticos do Uper West Side (olá Gossip Girl, que traz uma visão moderna destes problemas) contra os SHARKS, os descentes de imigrantes de Porto-Rico. Ambos querem controlar e dominar o território. Estadunidenses brancos alegando terem seus direitos por nascença versus latinos em busca de uma nova vida. Grupos que passam por situações distintas e defendem coisas diferentes baseadas em suas vivências, histórias familiares, traumas e ideias.

Mas e o romance? E amor? AH o amor! Com traços de Romeu e Julieta a história traz duas pessoas de nacionalidades opostas que se apaixonam. Tony e Maria são os grandes protagonistas deste romance. Ao se olharem pela primeira vez, naquele segundo, não importa de onde vieram, que crenças suas tribos ditam, que regras tem que ou não tem que. na icônica cena do baile do ginásio, aquele olhar naquele segundo em só existem eles no salão. É aquele segundo em que o mundo para e nada ao redor importa. A conexão é tão genuína que é como se ambos já se conhecessem, como se já tivessem o coração um do outro.

2021

Na versão de 1961 a cena é mais doce e tocante. Tudo é recíproco de igual intensidade para ambos. Na versão 2021, não deixa de ser lindo e romântico, mas me incomodou um pouco a forma como Maria reage antes que Tony; agregando a triste visão que alguns estrangeiros nutrem sobre as latinas, taxando-nos de “atiradinhas”. Foi sutil, mas infelizmente é algo que pode ser associado e que não fez sentido alterar do roteiro original.

Quando Maria e Tony se encontram no baile

Outro ponto que me incomodou foram os trechos em espanhol sem legenda e com dicção não muito clara. Assim como a adaptação das músicas em legenda muito diferente do que a letra realmente está dizendo.

2021

Voltando aos pontos positivo, temos a participação da atriz Rita Moreno na produção e no filme. Ela interpretou a personagem Anita no original e no novo dá vida a uma personagem nova, Valentina, e é uma mentora para Tony. Os momentos em que ela aparece são muito interessantes e emocionantes!

Rita Moreno como Anita | Rita Moreno como Valentina | Ariana DeBose como Anita

Em geral é um filme doce e romântico. Traz algumas coisas tristes da humanidade, especialmente mais fortes na época em que se passa a história, onde vemos o ser humano sendo movido fortemente pela raiva e muitos “tem que”, que não fazem sentido com os olhos e a consciência, especialmente de hoje. Também vemos coisas adoráveis infelizmente muitas vezes não compreendidas por aqueles que agem pela dor e pelo ódio, e que no fim que paga o preço são os inocentes. E a cereja do bolo é o belo encontro de almas de Tony e Maria. Aquele registro de quando duas pessoas se olham e se apaixonam, não importando a linguagem, nacionalidade ou país de origem. Simplesmente pelo sentir e se conectar. Amor é amor e precisa ser compreendido como o tal acima de qualquer rivalidade cega justificada pelos outros. É muito bom ver este tipo de conexão em pessoas que vão além do que suas tribos ditam, sem seguir cegamente, mas intuir pelo o coração.

Tony & Maria – 2021

Amor, Sublime amor recebe 4 cookies e meio e estreia neste final de semana.