Maria Rafart é psicóloga e apresenta o programa Light News, na Rádio Transamérica Light, de segunda à sexta, das 7h00 às 9h00. Ela foi convidada para bater um papo cultural com a gente na sétima edição do Chá Com Cookies, Live que aconteceu no último dia 6 de Junho, no nosso Instagram. Atendendo prontamente ao convite feito por Lulu Gabriella, Maria Rafart trouxe várias indicações literárias, um riquíssimo acervo cultural do qual falaremos com mais detalhes logo abaixo.
Como acontece tradicionalmente, a primeira indicação do Chá Com Cookies, sempre trazendo entretenimento consciente, foi da anfitriã: desta vez Lulu indicou O Vendedor de Sonhos, belíssimo filme nacional, de 2016, dirigido por Jayme Monjardim e baseado em livro de Augusto Cury. Está disponível na Netflix, e conta a história de Júlio César, que quer se jogar de um prédio, mas um morador de rua, que se intitula Vendedor de Sonhos, e que muito tempo antes era um bem-sucedido, porém, egoísta empresário, aparece para evitar e tentar convencer Júlio César a não se matar. O que se segue é uma incrível jornada de reavaliação da própria vida.
Na mesma vibe do filme, Lulu nos convida a valorizar o agora, principalmente durante esse atual momento em que temos sido privados dos nossos hábitos do dia-a-dia. Ela lembra inclusive que o fotógrafo e youtuber Lufe Gomes (que também já participou de um Chá Com Cookies), em um de seus vídeos do Café Com Lufe, deu a dica para escrevermos uma lista com tudo o que queremos fazer depois que a pandemia acabar, e que não tínhamos feito ainda. Ele também nos convida a refletir sobre o que, afinal, nos impedia de fazer essas mesmas coisas antes da pandemia. Reflexão e conscientização acerca dos momentos belos da vida, que não devemos deixar para depois. Vamos valorizar o agora!
Muito simpática, extrovertida e eloquente, Maria Rafart atribui aos livros a pessoa que ela se tornou hoje, pois os conhecimentos neles contidos a impactaram bastante durante a vida, e ajudaram a moldar seus princípios. Conhecimentos esses que ela se dispôs a compartilhar conosco, através de sua selecionada lista de indicações, que você confere a partir de agora. A primeira é Cem Anos de Solidão, do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Publicada originalmente em 1967, e considerada uma das obras mais importantes da literatura latino-americana, conta a história da família Buendía no fictício vilarejo de Macondo, fundado por eles. A narrativa faz uso do realismo fantástico, por meio do qual há pitadas de fantasia permeando a história, que se estende por mais de um século e acompanha sete gerações dessa família.
Em seguida, Rafart recomenda O Mestre e Margarida, de 1966, escrito pelo russo Mikhail Bulgakov. A trama se inicia com o tinhoso, o coisa ruim, o capiroto… é, ele mesmo, aparecendo, na forma de um homem elegantemente trajado, para conversar com um homem normal na Moscou dos anos 1930. A partir daí, a história se desenvolve, abordando conceitos comportamentais, espirituais e até um romance, protagonizado pelos personagens-título. Esse livro teria sido uma das inspirações para a criação da clássica “Sympathy For The Devil”, lançada pelos Rolling Stones em 1968, portanto, dois anos após a publicação da obra literária. Os rituais de candomblé que Mick Jagger e sua trupe assistiram durante umas férias pela Bahia teriam complementado a inspiração, originando aquela batida e percussão ouvidas na referida canção, que tentam reproduzir a típica desenvoltura corporal tupiniquim.
Outra valiosíssima indicação de Maria Rafart é Em Busca de Sentido, autobiografia do psiquiatra Viktor Frankl, publicada em 1946. Judeu, nascido em 1905 em Viena, Áustria, país que apresentava tendências discriminatórias naquela época, Viktor era um grande adepto da filosofia e sempre defendia a busca pelo sentido da vida. Em 1942, ele e sua esposa foram deportados para campos de concentração diferentes. Então, ele se impôs duas metas: a primeira, reencontrar a esposa. A segunda, concluir seu livro. Ele nunca mais reencontrou a esposa, morta no holocausto… mas ele foi libertado ao fim da Segunda Guerra e conseguiu publicar sua biografia, deixando, dessa forma, um registro extremamente emocionante e relevante para a humanidade acerca do quanto aquele período foi desumano, uma obra que nos encoraja a encontrar na vida um sentido.
Mas é claro que a ceara de indicações tão ricas culturalmente também teria uma dica de filme, e Rafart caprichou, com Forrest Gump: O Contador de Histórias, de Robert Zemeckis, lançado em 1994 e vencedor de seis Oscars, inclusive Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator para o excepcionalmente formidável Tom Hanks. Rafart chama a atenção para a trilha sonora da obra, repleta de belas canções dos anos 1950. Quem viu o filme sabe que Forrest é uma pessoa especial, e Maria tem um irmão especial, assim como Forrest, e ela se lembra com muito carinho de algumas das peripécias vividas pelo seu irmão, da mesma forma que o personagem de Hanks faz no filme. Em uma cerimônia no Palácio do Governo, lá estava o irmão de Maria Rafart participando de um coquetel privado, juntamente com os demais convidados do então presidente João Figueredo, igualzinho Forrest, interagindo com personalidades históricas, entre elas o então presidente norte-americano Richard Nixon! Boas lembranças familiares que este comovente filme traz a ela, e pode trazer a você também, caso ainda não o tenha visto. Este longa, que marcou uma geração, se encontra atualmente no catálogo da Netflix!
Lulu complementa o quanto este filme é sensível e sensacional, citando a frase dita por Forrest no final do filme, após a morte de uma importante personagem: “Eu não sei se mamãe está certa, ou se o Tenente Dan é que está. Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa… mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.”
Estes foram alguns dos melhores momentos do Chá Com Cookies com Maria Rafart, que você pode conferir na íntegra clicando aqui. A convidada transbordou conhecimentos literários em prol de nosso enriquecimento cultural, com dicas de histórias por vezes fortes, densas e tristes, mas também humanas, fraternas e cheias de lições de vida.
Acompanhe o Chá Com Cookies, esse bate-papo super gostoso que o Serial Cookies tem promovido regularmente com os mais diversos convidados, sempre trazendo dicas culturais para nos incentivar a renovar o ânimo durante esse período de quarentena. Saiba quando acontecerá o próximo acessando o nosso perfil no Instagram! E participe conosco do movimento #entretenimentoconsciente, compartilhe o nosso perfil nas redes com alguém que quer ver muito além do que os olhos podem ver, e pensar em profundidade sobre tudo que os filmes, séries e livros tem a nos proporcionar.
Conheça também o nosso livro: Serial Cookies no Multiverso do Entretenimento.
Outras dicas literárias dadas por Maria Rafart durante este Chá Com Cookies:
O Amor Nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez, de 1985. Narra um romance que se estende por meio século.
As Cinzas de Ângela, de Frank McCourt, de 1996. Autobiográfico, narra a infância do autor na Irlanda miserável dos anos 1930, em plena época da Grande Depressão.
O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, de 1988. O escritor, especialista em semiótica, discorre acerca de sociedades secretas, com muito mistério, simbologias e teorias da conspiração.
O Apanhador No Campo de Centeio, de J.D. Salinger, de 1951. Este clássico da contracultura, abordando as inquietudes juvenis, é um dos ícones da contestadora geração beatnik, movimento surgido nos EUA pós-guerra dos anos 1950.
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Texto by Roberto Oliveira