Continuando com os heróis da Marvel nos cinemas Pantera Negra, com direção de Ryan Coogler (Creed: Nascido para Lutar de 2015), vem para ampliar ainda mais a lista de filmes de uma das empresas que atualmente mais lucra no ramo (assim como em muitos outros também); e está completando 10 anos nas telonas e continua a emplacar sucessos. Desta vez temos uma aventura solo do primeiro super herói negro da editora de quadrinhos americana, surgindo em 1966, a personagem já fez parte dos Vingadores, foi casado com a X-men Tempestade, perdeu e recuperou o título de realeza e ainda protagonizou o que seria a primeira Graphic Novel da Marvel entre muitas outras façanhas.

Logo após os acontecimentos de Capitão America: Guerra Civil (2016), T’challa (Chadwick Boseman) retorna para sua casa na África: Wakanda e assume o trono do país, e logo na sequência tendo que empreender uma caçada ao criminoso Ulysses Klaue (Andy Serkis) – que já tinha aparecido em Vingadores: Era de Ultron (2015) – que firmou parceria com Erik Killmonger (Michael B. Jordan) e pretende lucrar com a venda do metal mais poderoso do universo Marvel: vibranium. O metal raro vindo do lar do protagonista proporcionou um desenvolvimento tecnológico surpreendente para o país africano, que manteve sua tecnologia em do resto do mundo e teme a colonização por outras culturas. Cabe agora ao novo rei, detentor do manto dos poderes do Pantera Negra, defender sua nação – contando também com tecnologia de ponta e vários aliados incluindo a espiã Nakia (Lupita Nyong’o) e o agente americano Ross (Martin Freeman).

Além dos protagonistas, o elenco é composto quase todos por atores de cor negra que representam com maestria a cultura africana. A parte musical também foi executada com primor oferecendo composições coerentes com o tema cultural, o compositor Ludwig Göransson (que também trabalhou ao lado de Ryan Coogler em Creed: Nascido para lutar) fez um excelente trabalho. É preciso também mencionar que muito da beleza natural da África estão representadas na fotografia da película, cores vibrantes, grafismos típicos da cultura, dentre outros elementos são dignos de um Oscar. E como se não fosse suficiente, ainda há tempo para visitar outros países como Inglaterra e Coréia do Sul, o que torna a aventura ainda mais culturalmente eclética e relevante.

Mas nem só de culturalidade se faz Pantera Negra: Temos uma ótima representação feminina durante o longa-metragem, mostrando mulheres fortes e essenciais para o desenvolvimento da trama e para que o herói seja bem sucedido e, principalmente, questões politicas profundas do que é certo ou errado e dos motivos que criam tais situações. O vilão tem motivos plausíveis para seus atos e os mocinhos são vitimas dos pecados de seus ancestrais enquanto os dois lados não hesitam em matar para defender suas crenças. Também podemos analisar o que faz de Pantera Negra um herói: sua força mística, habilidade física, armadura e tecnologia acabam ficando em segundo plano perante sua capacidade de equilibras as necessidades de seu povo com as amarras culturais e históricas da sociedade e do ser humano.

Vale dizer que o filme apresenta um clima mais sério do que que as outras obras da Marvel no cinema que costuma ser recheadas de piadas e momentos hilários. O grande contraste pode ser observado no filme anterior da Marvel, Thor: Ragnarok (2017). Se a última aventura do deus do trovão – recheada de piadas, cores berrantes e poderes absurdos – resgata o espirito dos gibis de banca com um roteiro sem muito compromisso além de divertir, o longa do Rei de Wakanda representa na tela uma Graphic Novel, na qual o belo visual anda junto com uma história relevante que nos faz refletir sobre a sociedade e os valores dela mesma.

Indiscutível qualidade, competência e relevância, Pantera Negra traz ainda, a diversão do filme (como de praxe da Marvel), que é estendida até o ultimo minuto apresentando não só uma cena extra durante os créditos como também uma após. Wakanda Forever!

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