A Gibiteca de Curitiba é um dos lugares mais interessantes para se conhecer na cidade, e não apenas para quem é leitor assíduo de HQs, mas também para toda e qualquer pessoa interessada em Cultura Pop. Saiba mais sobre este lugar incrível nesta entrevista que o coordenador da Gibiteca, Fúlvio Pacheco, concedeu ao Serial Cookies, graças ao convite feito pelo nosso amigo Renato Teixeira, do Mundo Nerd ao Quadrado!

Como surgiu a Gibiteca?
A ideia da Gibiteca surgiu em 1976. Nos anos 70, existia em Curitiba uma editora chamada Grafipar, e por conta dela muitos quadrinistas vieram morar na cidade. Logo, criou-se uma cultura de quadrinistas por aqui. Surgiu, então, a necessidade de se encontrar um lugar onde fãs de quadrinhos pudessem se reunir para falar sobre o assunto. A ideia, surgida em 1976, se tornou real em 1982, na Galeria Schaffe, na XV de Novembro, primeiro local da Gibiteca. Essa galeria ainda existe, hoje é um shopping popular, mas na época era um centro cultural. Alguns anos depois, a Gibiteca já se mudou para a Casa da Baronesa, dentro do Solar do Barão, onde está até hoje. Inclusive, em 2017, eu escrevi um livro sobre toda essa trajetória: A História dos Quadrinhos e da Gibiteca de Curitiba.

Quais são as ações sociais promovidas pela Gibiteca junto à comunidade?
Recebemos diariamente visitas escolares, pré-agendadas pelas escolas. Além disso, toda quarta-feira temos formação continuada de professores de Artes, que repassam o aprendizado para seus alunos. Além, é claro, de nosso acervo, disponível ao público. São cerca de 35.000 exemplares. Eles estão distribuídos por estilo. Há uma sala só com gibis de heróis, outra só com mangás, um espaço só para graphic novels, outro só para RPGs, Maurício de Sousa, Disney. Também sempre temos exposições. Oferecemos ainda 23 cursos relacionados à criação de HQs, envolvendo vários segmentos: roteiro, aquarela, mangá, arte digital, animação. E também sempre estamos promovendo eventos, ou participando de eventos que tenham relação com HQs, como a Zombie Walk, a Bienal de Quadrinhos, a JediCon, o Shinobi Spirit, a Geek City!

Recentemente, a Gibiteca participou de um evento em parceria com o Cine Passeio. Como foi?
Essa parceria tem sido muito legal. Participamos de uma sessão de Star Wars no terraço do Cine Passeio, em parceria com o pessoal do Conselho Jedi, e mais recentemente, de uma sessão do filme V de Vingança em que o quadrinista original da obra, David Lloyd, esteve presente, e autografou a máscara do personagem V para nós!

Quais são os títulos mais antigos da Gibiteca?
Temos 5.000 exemplares muito antigos, anteriores à década de 1960, que ficam guardados em uma sala mais reservada. Eles podem ser acessados pelo público interessado, principalmente pesquisadores, mediante agendamento. É necessário todo um cuidado especial para com essas relíquias, precisam ser pegas com luvas, pois são muito sensíveis, feitas de papel jornal que, se fossem constantemente manuseadas, se despedaçariam. Entre esses títulos raros temos a Revista Tico-Tico, de 1900, a Revista Gibi, de 1920, a versão brasileira da Action Comics nº 1, com a primeira história do Superman, de 1938, entre várias outras.

Como você analisa a importância da Gibiteca para Curitiba, uma cidade tradicionalmente conhecida pela sua efervescência cultural e artística?A Gibiteca tem se mostrado essencial para o que hoje conhecemos como a linguagem geek, e tem influenciado muitos segmentos, desde quadrinhos, charges, até animação, games, cosplay, fã-clubes, muita produção local. São cerca de 30 revistas em quadrinhos publicadas em Curitiba anualmente, e a maioria desses autores, em algum momento, tiveram alguma relação com a Gibiteca, já foram alunos ou até professores.

O que você achou das recentes adaptações para o cinema de quadrinhos nacionais como Tungstênio, O Doutrinador e Turma da Mônica – Laços?
Inclusive, no mesmo evento em que David Lloyd esteve conosco, veio também o Marcello Quintanilha, o autor de Tungstênio! E o filme baseado em sua HQ achei bem interessante, como outras adaptações que tem ajudado a dar mais visibilidade aos quadrinhos. A gente percebe muito a influência do cinema no público infantil. Quando recebemos crianças de escolas, elas se interessaram muito mais pelos gibis do Maurício de Sousa após o lançamento do filme Turma da Mônica – Laços. Arlequina, Deadpool, Doutor Estranho, Guardiões da Galáxia, personagens que não eram tão conhecidos do grande público, após seus filmes terem sido lançados, despertaram grande curiosidade. A procura por suas HQs foi enorme! Muita gente veio até a Gibiteca para conhecer suas histórias em quadrinhos.

Pergunta polêmica: Fúlvio Pacheco, você prefere Marvel ou DC?
(risos) Eu sempre gostei mais de Marvel, mas não cultivo nenhum tipo de rivalidade. (palmas) Tem muito material da DC que eu também gosto. É muito mais por uma questão de afetividade, não tem nada a ver com qualidade, não estou dizendo que uma é melhor que a outra. É que eu conheci a Marvel primeiro, na infância, e tive mais contato com seus personagens. A primeira HQ de super-heróis que li foi Guerras Secretas, onde o Homem-Aranha ganhou o seu uniforme negro (que depois viria a se tornar o vilão Venom)!

Pra encerrar, convide os leitores do Serial Cookies a conhecerem a Gibiteca!
Estamos à disposição dos visitantes, de terça à sábado, das 09h00 às 18h00. Geralmente, nas sextas, à noite, temos eventos! Pra acompanhar a programação, é só seguir a página da Gibiteca no Facebook, no Instagram, ou a nossa página na Fundação Cultural de Curitiba. E neste início de ano começam as inscrições para os vários cursos relacionados à criação de quadrinhos, que costumam lotar nos sábados! Participem, compareçam, venham nos visitar!

SERVIÇO:
Gibiteca de Curitiba
Endereço: Rua Presidente Carlos Cavalcanti, nº 533, Centro, Curitiba–PR.
Telefone: (41) 3321-3250.
Atendimento: terça-feira à sábado, das 09h00 às 18h00.


Sobre o autor: Formado em Comunicação Social – Jornalismo, Roberto Oliveira desde sempre vem exercendo a escrita em sites nerds/geeks e contribuindo para a semeadura da Cultura Pop. Cinéfilo inveterado, também é radialista e colaborou com a galera do Serial Cookies em várias ocasiões, inclusive nas Lives do Oscar, que já estão se tornando tradição! Defende a paz entre marvetes e decenautas e curte quase todas as ramificações da produção audiovisual, com destaque para ficção científica, fantasia e, claro, os super-heróis, e “viaja” com histórias que envolvam viagens no tempo!