O Rei Leão, adorada animação dos Estúdios Disney, volta agora aos cinemas em uma nova versão, fazendo todos nós recordarmos do quão fantástica é a aventura do herói Simba. Infelizmente, com as boas lembranças também são abertas velhas feridas criadas pelo ódio e desinformação: será O Rei Leão plágio de Kimba, O Leão Branco?

A animação americana conta com um enredo que sim, já foi explorado em uma das diversas versões da personagem japonesa, que já contava com 40 anos de existência quando O Rei Leão foi lançado. Não bastasse isso, vários personagens são muito semelhantes e realmente parecem terem sido tirados da popular animação japonesa.

Claro, a Disney nega o prévio conhecimento de Kimba e declara que só o que ocorreu foram coincidências. Por outro lado, Kimba é tão popular nos Estados Unidos que agora mesmo estamos nos referindo ao personagem pelo seu nome americano – pois o leão se chama Leo no Oriente. Os fatos apontam um caso de plágio.

Quando O Rei Leão estreou, mais de 20 anos atrás, muitos fãs de Osamu Tezuka – criador de Kimba, Astro Boy, além de um deus do mangá e anime, um tesouro nacional do Japão – apontaram as semelhanças e exigiram retratação da Disney, que nunca admitiu a culpa. A notícia se alastrou e muitas pessoas que nunca tinham ouvido falar de Kimba adotaram o discurso de que sim, a produtora americana era a vilã da história. Mas, como todo discurso de ódio, a história tem mais um lado que não é mencionado: a produtora japonesa, Tezuka Productions, declarou que Tezuka se sentiria honrado em ver traços de sua obra numa produção da Disney. Afinal, o artista era fã do estúdio americano. Portanto, os donos de Kimba não consideram O Rei Leão como um plágio.

Estando a verdade estabelecida, não custa apontarmos mais um fato de extrema importância: o que Kimba/Leo representa. O Imperador da Selva – traduzindo o nome original japonês da obra – descreve a história do leão branco que tem seu pai assassinado pelos humanos. Tendo que assumir o trono, logo ele encontra mais homens pelo caminho e aprende que há sim pessoas boas no mundo, e que a tão temida e amaldiçoada raça humana tem muito a oferecer. Assim, o novo rei instaura uma política de harmonia e conciliação entre os seus súditos – certo de que todas as criaturas podem viver em paz e aprender umas com as outras.

Sempre pronto a lutar pelo o que é certo e contra mazelas como injustiças, ódio e preconceito, o herói japonês pode até não ter uma nova versão animada como seu colega americano, mas a sua mensagem continua válida, necessária e mais atual do que nunca.

Parte da coleção pessoal de Legos do Becker